Em conferência de imprensa na sede do partido, em Lisboa, André Ventura foi questionado sobre o facto de a Galp ter obtido um lucro de 608 milhões de euros, nos primeiros nove meses do ano, o que representa uma subida de 86% face ao mesmo período do ano passado, e de 187 milhões no terceiro trimestre, mais 16%.
"Acho que estes lucros são imorais, são escandalosos e, neste momento, sobretudo perturbam quem anda a fazer um sacrifício enorme para conseguir sobreviver ate ao final do mês. (...) Não obstante o mercado, que a direita preza e que eu também prezo, o mercado não é tudo. E nós não podemos permitir que empresas continuem a engrossar lucros à custa da inflação e à custa da crise, sem contribuírem com nada para melhorarem a vida dos seus concidadãos", defendeu Ventura.
O líder do Chega insistiu na proposta anunciada nas jornadas parlamentares do partido, em setembro, inspirada na alemã, e que se distingue da criação de um imposto sobre lucros extraordinários, defendida à esquerda.
"[Defendemos uma] solução próxima daquilo que a Alemanha propõe, que é que os lucros extraordinários destas empresas revertam obrigatoriamente e diretamente para a diminuição da faturação dos contribuintes. Ou seja, que haja uma espécie de canalização direta deste dinheiro, obrigatória, que não fique na disposição das empresas para a descida da faturação", explicou.
O Chega ainda está a "desenhar esta proposta" mas Ventura comprometeu-se a apresentá-la durante a discussão na especialidade do Orçamento do Estado para 2023, deixando um apelo a PSD e Iniciativa Liberal (IL).
"Durante este período orçamental apresentaremos esta proposta para obrigar estas empresas a fazer isto porque é imoral e é escandaloso os lucros que estão a ter. E eu penso que mesmo a direita, sobretudo a IL e o PSD deveriam repensar, porque nós defendemos o mercado, e a livre iniciativa é um dos grandes símbolos da nossa liberdade hoje em dia, mas uma coisa é liberdade outra é achar que o mercado resolve tudo e podermos ter empresas a engrossar cada vez mais os cofres com a classe média cada vez mais estrangulada sem conseguir pagar nada", salientou.
No âmbito da proposta, explicou, será necessário criar um "mecanismo contabilístico para definir o que são lucros extraordinários".
Ventura defendeu que, desta forma, garante-se que a medida terá impacto na fatura dos contribuintes, sustentando que caso se tratasse de um imposto extraordinário, nada garantia que o Estado o utilizaria para esse fim.
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