O Partido Comunista Português (PCP) anunciou, ao início da noite deste sábado, que Jerónimo de Sousa se prepara para deixar a liderança do partido, cargo que ocupa há 18 anos. O político, de 75 anos, será substituído por Paulo Raimundo, mas manter-se-á como membro do Comité Central do PCP. Na esfera política nacional, foram várias as reações à decisão.
O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, realçou a “cortesia” e “cooperação institucional” do político comunista. “Tive com o secretário-geral do PCP uma cooperação institucional e ele manteve sempre uma cooperação institucional com o Presidente da República. Independentemente de concordâncias e discordâncias, como aconteceu na votação do último Orçamento do Estado, do penúltimo, que determinou a dissolução do parlamento, foi sempre de uma cortesia institucional e de uma cooperação institucional muito rigorosa”, afirmou o chefe de Estados aos jornalistas à saída de uma visita à Casa das Histórias - Paula Rego, em Cascais.
Já o presidente da Assembleia da República, Augusto Santos Silva, agradeceu o “enorme contributo” de Jerónimo de Sousa para as instituições democráticas portuguesas.
“No dia em que se anuncia que o deputado Jerónimo de Sousa deixará de ser, a seu pedido, secretário-geral do PCP, é tempo de agradecer o enorme contributo que tem dado para as instituições democráticas portuguesas”, escreveu na rede social Twitter.
No dia em que se anuncia que o deputado Jerónimo de Sousa deixará de ser, a seu pedido, secretário-geral do PCP, é tempo de agradecer o enorme contributo que tem dado para as instituições democráticas portuguesas.
— Augusto Santos Silva (@ASantosSilvaPAR) November 5, 2022
Também no Twitter, Luís Montenegro, líder do PSD, destacou que, apesar de estar "nos antípodas do comunismo", respeita "democraticamente os seus 'crentes'" e, referindo-se a Jerónimo de Sousa, sempre apreciou "a sua simplicidade e urbanidade".
"Estou nos antípodas do comunismo. Mas respeito democraticamente os seus 'crentes'. No caso de Jerónimo de Sousa, sempre apreciei a sua simplicidade e urbanidade. Sempre me emprestou simpatia pessoal e lealdade no combate político. Desejo-lhe felicidades pessoais e familiares", escreveu.
Estou nos antípodas do comunismo. Mas respeito democraticamente os seus "crentes". No caso de Jerónimo de Sousa, sempre apreciei a sua simplicidade e urbanidade. Sempre me emprestou simpatia pessoal e lealdade no combate político. Desejo-lhe felicidades pessoais e familiares.
— Luís Montenegro (@LMontenegroPSD) November 5, 2022
O antigo dirigente do Bloco de Esquerda (BE) Francisco Louçã considerou que o anúncio e a altura em que surgiu foi uma “surpresa” - uma vez que o comunista, apesar dos problemas de saúde, “alegava ter disponibilidade para continuar [no cargo] durante algum tempo” - e destacou o seu “papel importante”.
“Jerónimo de Sousa teve um papel muito importante neste longo - muito longo - período na direção do partido. (...) Teve um papel muito importante e esse papel foi significativo na afirmação política do PCP”, frisou em declarações à SIC Notícias.
Posteriormente, também a atual líder bloquista, Catarina Martins, recorreu ao Twitter para sublinhar que Jerónimo de Sousa é "o rosto de uma parte imprescindível da esquerda".
"Exemplo de abnegação e entrega, Jerónimo de Sousa é o rosto de uma parte imprescindível da esquerda. Estou certa que continuaremos a encontrar-nos em combates comuns", escreveu.
Segundo o PCP, Jerónimo de Sousa, "refletindo sobre a sua situação de saúde e as exigências correspondentes às responsabilidades que assume, colocou a questão da sua substituição nas funções que desempenha" como secretário-geral do partido.
Numa reunião do Comité Central do PCP marcada para o próximo sábado, 12 de novembro, "será feita a proposta de eleição de Paulo Raimundo para secretário-geral do PCP".
[Notícia atualizada às 09h41]
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