Num debate transmitido na CNN, e quando questionado sobre se os comunistas estariam disponíveis para uma eventual nova Geringonça, numa alusão ao acordo dos socialistas com o PCP, BE e PEV que permitiu a solução de Governo de António Costa em 2015, Paulo Raimundo disse que o partido "nunca falha às soluções", mas, para isso, o PS teria de mudar o seu programa porque o mesmo não responde às necessidades do país e das pessoas.
O comunista apontou, a título de exemplo, a falta de médicos e de investigadores no país, as urgências fechadas e os baixos salários e pensões.
Sobre se se coloca mais à esquerda ou à direita em termos ideológicos, Inês Sousa Real afirmou que o PAN é um partido alinhado com as grandes preocupações dos portugueses e que tem colocado no centro do debate político as causas que lhes interessam.
Dizendo que o PAN é um "contraponto e uma força responsável para trabalhar", Inês Sousa Real destacou, contudo, que será "muito difícil haver qualquer tipo de convergência com a AD e Luís Montenegro" depois do recuo na proteção animal.
Em matéria de IRS Jovem e habitação, Paulo Raimundo frisou que não houve qualquer medida que tivesse sido aprovada no parlamento que baixasse o valor das casas.
"Objetivamente, o que acontece é que quantos mais benefícios e condições damos à banca, menos contributos damos às pessoas", entendeu.
O comunista reforçou que nunca é pedido um esforço à banca, mas sim aos inquilinos e arrendatários.
A porta-voz do PAN assumiu não ter "preconceito ideológico" na aprovação do IRS Jovem, apesar de considerar que deve ser melhorado.
Num frente-a-frente tranquilo, a grande divergência entre os dois dirigentes políticos surgiu quando o assunto foram as touradas, com o PCP a dizer que há coisas que não se podem arrumar por decreto, nem à força, e o PAN a salientar tratar-se de empatia e respeito pelos animais.
"As touradas não são uma questão nova, estamos perante uma tradição que só pode ser resolvida por quem a criou, que foi o povo", atirou Paulo Raimundo.
Ressalvando que respeita as diferentes opiniões sobre esta matéria, o secretário-geral do PCP lembrou que não se pode resolver tudo pela via fiscal.
Segundo Inês Sousa Real, não se trata de uma imposição ideológica, mas de respeito pelos animais e aquilo que o PAN queria com a proposta do referendo era "ouvir a voz do povo".
"Ouça-se a voz do povo. É indigno tratar mal tratar os animais", vincou.
Na questão do lítio, nomeadamente na sua exploração em Boticas, no distrito de Vila Real, Inês Sousa Real apelou à suspensão imediata da prospeção em defesa das populações porque, além de prejudicar aquelas, também põe em causa a rota do lobo ibérico.
Já Paulo Raimundo entendeu que o país tem de conhecer os recursos que tem e aproveitou, os últimos minutos, para apelar a uma participação massiva das pessoas nas comemorações do 25 de Abril numa altura em que os desafios "são tão grandes".
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