Em declarações aos jornalistas na Assembleia da República, o dirigente do Livre Tomás Cardoso Pereira considerou que deve haver um inquérito "que seja eficaz e célere a esta situação".
"O Livre vê este caso com muita preocupação e esperamos que todas as partes pertinentes e que a tutela tomem ações decisivas para abordá-lo e para tentar resolvê-lo", disse.
O partido representado no parlamento pelo deputado único Rui Tavares vai apoiar o pedido já entregue pelo BE para ouvir no parlamento o ministro da Administração Interna mas considera que devem ser ouvidas outras entidades.
"Deve ser ouvido o ministro da Administração Interna, a Inspetora-geral da Administração Interna, os comandantes gerais da GNR e PSP bem como representantes de estruturas de trabalhadores das forças de segurança de forma a abordar este problema e a procurar resolvê-lo", sustentou.
Apesar de este ser um fenómeno que para o partido "não é novidade", o dirigente político mostrou-se chocado e classificou a investigação jornalística que deu a conhecer este caso como "um murro no estômago".
"Choca-nos a impunidade com que estes agentes fazem este tipo de comentários nas redes sociais, choca-nos a impunidade com que o fazem e choca-nos porque mancha o bom nome das restantes dezenas de milhares de trabalhadores das nossas forças de segurança", lamentou.
Tomás Cardoso Pereira, membro da Assembleia do Livre, mostrou-se certo de que "a grande maioria dos trabalhadores das forças de segurança, da PSP e GNR, não se revê no comportamento destes seus colegas".
O dirigente lembrou ainda duas propostas do partido sobre esta matéria, uma aprovada no Orçamento do Estado para 2022, que visava criar "ações de formação em larga escala em matérias de direitos humanos para agentes de forças de segurança".
"E este ano propomos a criação de um observatório para o discurso de ódio que tenha precisamente como função monitorizar casos destes para que não sejam apenas os jornalistas" a fazê-lo, referiu.
Um consórcio de jornalistas de investigação divulgou uma reportagem de Pedro Coelho, Filipe Teles, Cláudia Marques Santos e Paulo Pena na SIC, no Setenta e Quatro, no Expresso e no Público, que mostra que as redes sociais são usadas para fazer o que a lei e os regulamentos internos proíbem, com base em mais de três mil publicações de militares da GNR e agentes da PSP, nos últimos anos.
Na quarta-feira foi divulgado que a Inspeção-Geral da Administração Interna vai abrir um inquérito à veracidade das notícias que referem a publicação, por agentes das forças de Segurança, de mensagens nas redes sociais com conteúdo discriminatório e que incitam ao ódio.
Numa nota do gabinete do ministro da Administração Interna é dito que José Luís Carneiro determinou à Inspeção-Geral da Administração Interna (IGAI) "a abertura de inquérito, imediato, para apuramento da veracidade dos indícios contidos nas notícias de hoje [quarta-feira] sobre a alegada publicação, por agentes das forças de segurança, de mensagens nas redes sociais com conteúdo discriminatório, incitadoras de ódio e violência contra determinadas pessoas".
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