Joacine Katar Moreira, antiga deputada, criticou, esta quinta-feira, o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, depois de este desvalorizar o facto de ter recebido uma carta, com uma bala no seu interior.
Através das redes sociais, Joacine Katar Moreira considerou que as palavras de Marcelo são uma "desvalorização da violência" e notou que a própria não pode desvalorizar as "ameaças de morte" que recebe, uma vez que não tem o "privilégio" do chefe de Estado.
Contudo, a antiga deputada do Livre defende que "tem o direito" de estar ou ter estado na política sem que a sua "segurança esteja em jogo", uma vez que em democracia a participação política não pode ser vedada.
"O senhor presidente da República pode desvalorizar as ameaças de morte que recebe, mas eu como mulher, negra, mãe em situação de monoparentalidade, pobre e ex-política não posso fazê-lo. Não tenho o seu privilégio", começou por escrever Joacine Katar Moreira no Twitter.
"E tenho o direito de estar ou ter estado na política sem que a minha segurança esteja em jogo. Vivemos em democracia e ninguém pode tolher a ninguém a participação política. As palavras do senhor presidente, de desvalorização da violência - que nunca sentiu - não colhem", acrescentou.
O senhor presidente da República pode desvalorizar as ameaças de morte que recebe, mas eu como mulher, negra, mãe em situação de monoparentalidade, pobre e ex política não posso fazê-lo. Não tenho o seu privilégio. pic.twitter.com/nRvIDDiSB0
— JoacineKatarMoreira (@KatarMoreira) November 17, 2022
Recorde-se que, esta quinta-feira, o Correio da Manhã noticiou que Marcelo Rebelo de Sousa recebeu uma carta anónima com uma bala dentro, um telemóvel e um pedido de um milhão de euros que deveria ser enviado para uma conta bancária discriminada na missiva. O Presidente não se encontrava em Belém na altura.
Em declarações à CMTV, o chefe de Estado desvalorizou a situação, destacando ter recebido mais "ameaças" quando tinha programas de televisão na RTP e na TVI.
"Quem anda nesta vida e eu já ando há 30 anos tem disto enfim às dezenas (...). Acontece eu não dou grande importância", disse.
O caso está entregue à Polícia Judiciária.
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