"Antes desta tarde houve, evidentemente, da minha parte, do líder parlamentar do PSD, tentativas para que nós pudéssemos chegar hoje aqui com esta questão resolvida", afirmou Hugo Soares aos jornalistas à saída do plenário, após a votação da moção de confiança.
O social-democrata, que falava à saída do plenário, após a votação da moção de confiança, começou por recusar revelar se houve alguma tentativa de negociação com outros partidos nos últimos dias.
"Eu não vou revelar nenhuma conversa que tenha tido hoje de manhã, ontem ou anteontem, que são conversas que as pessoas devem ter, que é assim que eu entendo a política", disse.
Hugo Soares assinalou que quando propôs a suspensão do debate da moção "não era porque houvesse reuniões secretas, é porque a maturidade da democracia exige que os partidos responsáveis possam conversar, possam dialogar".
"Eu acho que o país não entende que os dois maiores partidos não possam sentar-se à mesa e conversar", frisou, argumentando que foram esgotadas "todas as possibilidades".
O líder parlamentar do PSD afirmou que "o Governo foi até onde podia", responsabilizando o PS por o país ir novamente a eleições legislativas.
"O Governo predispôs-se junto do PS para que houvesse a comissão parlamentar de inquérito com o objeto que o PS queria, nos termos em que o PS queria, com uma condição apenas, pôr um prazo. Chegámos ao ponto de ir até aos 60 dias de prazo para que houvesse um prazo onde começasse e onde terminasse, porque tudo isto tem que ter um fim, como eu creio que todos os portugueses percebem", afirmou.
Hugo Soares considerou que o PS "não quis" estes termos e preferiu "derrubar o Governo e provocar eleições".
"Nós não fomos irredutíveis, nós fomos muito claros. O prazo de três meses é um prazo que se pode prolongar para lá das férias, é um prazo que pode ser estendido, que pode ser contínuo, e o que nós dissemos ao PS foi que estamos em condições de aceitar a comissão parlamentar de inquérito, o primeiro-ministro está aberto a todo escrutínio a continuar a dar esclarecimentos, mas vamos impor um prazo máximo para que esta situação não se arraste", afirmou, considerando que "quem se mostrou irredutível foi o Partido Socialista".
Questionado se foi um erro o Governo ter apresentado a moção de confiança, uma vez que o 'chumbo' ditou a sua queda, o também secretário-geral do PSD recusou.
"Não, absolutamente. O Governo tinha de perguntar ao parlamento se o parlamento lhe dava razões para poder continuar a governar", afirmou, referindo que o "PS uniu-se com o Chega e derrubou o Governo".
Na ótica do dirigente do líder da bancada do PSD, "não se justifica que houve política absolutamente nenhuma" e "quem deve julgar a fragilidade" da posição do Governo "é o povo".
"E o povo percebeu aquilo que nós fizemos. Nós fomos até ao último minuto, como os senhores são testemunhas, para evitar que houvesse eleições em Portugal, propusemos tudo ao PS", defendeu.
Hugo Soares defendeu também que "as maiorias absolutas e relativas não se pedem, têm-se", mas mostrou-se confiante de que "os portugueses vão voltar a depositar a confiança na Aliança Democrática".
[Notícia atualizada às 20h58]
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