A remodelação governamental efetivada esta terça-feira já motivou reações fervorosas da oposição. Enquanto a Esquerda se mantém, de um modo geral, em silêncio, a Direita aponta o dedo à "incompetência" e à "desagregação" do Executivo.
Quando ainda se conheciam apenas três das mudanças no elenco de secretários de Estado, o PSD assinalou que, em oito meses de Governo, saíram oito governantes, classificando a situação de "caos e erosão" no executivo".
"Os três membros do Governo que hoje saem são precisamente os que divergiram do ministro da Economia. Se à data ganharam a discussão no conteúdo, em prejuízo da economia portuguesa, agora são despedidos ao ralenti", afirmou o secretário-geral do PSD, Hugo Soares, em declarações aos jornalistas, na sede nacional do partido.
O dirigente social-democrata assinalou ainda que "são oito saídas em oito meses de caos e erosão do Governo", com "grande perda de autoridade política governativa" do primeiro-ministro, António Costa.
A Iniciativa Liberal (IL) apontou "sinais de desagregação absoluta" no Governo e acusou António Costa de "incompetência total" na gestão da sua equipa, referindo que em apenas oito meses de executivo já saíram uma ministra e seis secretários de Estado.
Recordando um conjunto de casos deste Governo, o partido liderado por João Cotrim Figueiredo concluiu que "é mais do que descoordenação, é incompetência total de António Costa na gestão da sua equipa, causando esta sucessão de casos que fragilizam o Governo e degradam as instituições".
"A maioria absoluta do PS transformou-se numa inutilidade absoluta para a resolução dos problemas do país", critica a IL.
Para o Chega, a remodelação no Governo demonstra que o executivo socialista está em "acelerado processo de desagregação".
André Ventura criticou a escolha de Mendonça Mendes para Adjunto de Costa por ser irmão de uma ministra e recordou que os governantes exonerados tinham criticado as declarações do ministro da Economia, António Costa Silva, sobre uma redução generalizada do IRC.
À Esquerda, o PCP considerou hoje que são mais importantes as políticas do Governo contra o empobrecimento da população do que a escolha de Mendonça Mendes para secretário de Estado Adjunto do primeiro-ministro.
De acordo com a líder parlamentar, Paula Santos, o Governo de António Costa "tem recusado" as respostas necessárias para enfrentar a crise provocada pelo aumento da inflação e, na ótica do PCP, tem "contribuído para o empobrecimento" da população portuguesa.
Apenas a porta-voz do PAN manifestou "preocupação" com a remodelação do Governo, pedindo "transparência" sobre os "motivos da demissão" dos secretários de Estado da Economia, e do Turismo, Comércio e Serviços.
Inês de Sousa Real pediu esclarecimentos quanto "aos motivos da demissão" do secretário de Estado da Economia, João Neves, e da secretária de Estado do Turismo, Comércio e Serviços, Rita Marques.
O primeiro-ministro exonerou, esta terça-feira, três Secretários de Estado - dos Assuntos Fiscais, da Economia, e do Turismo, Comércio e Serviços.
Nessa altura, foi dado conhecimento de que António Mendonça Mendes deixaria as funções de secretário de Estado dos Assuntos Fiscais para ocupar o lugar de secretário de Estado Adjunto do primeiro-ministro, que estava em aberto desde a demissão de Miguel Alves.
Pedro Licínio substitui João Neves como secretário de Estado da Economia e Nuno Fazenda é o novo secretário de Estado do Turismo, Comércio e Serviços, cargo até aqui desempenhado por Rita Marques.
Mais tarde, uma nova nota na página da Presidência da República anunciava novas mexidas.
Desta vez, eram anunciados novos nomes para os cargos de secretário de Estado das Finanças (João Nuno Mendes), secretário de Estado dos Assuntos Fiscais (Nuno Félix) e secretária de Estado do Tesouro (Alexandra Reis).
A posse dos novos titulares terá lugar na próxima sexta-feira, 2 de dezembro, pelas 12h00, no Palácio de Belém, lê-se na nota da Presidência da República.
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