A antiga líder do Partido Social Democrata (PSD) Manuela Ferreira Leite considerou, esta quinta-feira, que a remodelação no Governo que decorre em menos de 24 horas é um "não caso".
"É um não caso. E é um não caso porque esta remodelação não tem nada a ver com quaisquer problemas do país ou quaisquer situações do país", avaliou, na rubrica 'Crossfire', emitida na CNN Portugal.
Mais do que ser um não caso, a antiga governante considerou ainda que esta remodelação - na qual novos secretários de Estado vão assumir funções - é uma "intrigalhada". "É um problema de intrigalhada. [São] problemas do Partido Socialista, problemas entre eles. Não lhes dou nenhuma dimensão", garantiu.
Criticando o silêncio do primeiro-ministro - e não só -, a antiga ministra das Finanças considerou que esta situação deixava espaço a várias interpretações. "Estão todos calados, e fazem-se interpretações", notou, exemplificando que uma destas interpretações era a de que os antigos secretários de Estado da Economia já não estavam no cargo por terem discordado do ministro da Economia, António Costa Silva.
Confrontada com essa realidade, Ferreira Leite apontou: "É um facto, mas pelos vistos ninguém ligou nenhuma ao facto de nós agora é que acharmos que é por causa disso. Pela simples razão de que esse facto tinha que ter resposta".
E, mais uma vez, frisou o silêncio de António Costa: "Se Costa fosse sensível aos secretários de Estado irem contra o ministro - isso sim. Era na hora", referiu, reforçando que toda a situação era "algo que Costa tem que resolver para resolver o problema das intrigalhadas lá do partido. Não é nada que diga respeito ao país".
Ferreira Leite falou ainda da criação da Secretaria de Estado-adjunta e - agora - do Tesouro, algo que "diz respeito ao país". "Aos poucos e poucos [o Governo] deixa de ser tão menos grande como era o anterior", lembrou, confessando que este aumento lhe deixava algumas questões.
Referindo-se ao cargo de secretário de Estado-adjunto, Ferreira Leite sublinhou que ninguém sabia por que razão o primeiro-ministro precisava de um responsável com esta pasta.
"E depois tem um secretário de Estado-adjunto que saiu nas condições em que sabemos [Miguel Alves], mas do qual transmitiu ai país determinado tipo de perfil que tinha pessoa que lá estava e que era uma pessoa com um perfil que haveria que questionar" por que razão estava nesse lugar. "É substituído pelo secretário de Estado dos Assuntos Fiscais", notou, confessando que apesar de não o conhecer bem, será uma pessoa "completamente diferente" de Miguel Alves. "Dá a sensação de que aquela função não está totalmente definida", rematou.
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