Luís Marques Mendes comentou, este domingo, a crise política que Portugal enfrenta, nomeadamente a polémica indemnização que a ex-secretária de Estado do Tesouro, Alexandra Reis, recebeu por sair da TAP e que levou à sua demissão e do ministro das Infraestruturas, Pedro Nuno Santos.
No seu habitual espaço de comentário na SIC Notícias, o social-democrata afirmou que Pedro Nuno Santos “não tinha alternativa” a não ser demitir-se, considerando que “ficava mal na fotografia” se não o tivesse feito.
Sobre Fernando Medina, Marques Mendes diz “ter sérias dúvidas” que o ministro das Finanças “não soubesse” da indemnização paga a Alexandra Reis.
“Não é duvidar da palavra dele. Mas já havia notícias públicas, designadamente no Expresso, no mês de maio, a falar da indemnização milionária à Alexandra Reis. Não há no Ministério das Finanças assessores que vejam isto e chamem à atenção do ministro? Eu não acredito, ninguém acredita”, afirmou.
Mas, admitindo que o ministro “não sabia mesmo”, Luís Marques Mendes atira: “Ele não sabia, mas tinha obrigação de saber”.
“Um ministro convida uma pessoa para secretária do Estado do Tesouro, que ainda por cima vai ter intervenção com a TAP, sabe que ela saiu da TAP e não trata de perguntar de duas coisas muito simples: Porque é que ela saiu da administração da TAP antes de terminar o mandato? E em que condições é que saiu?”, considerou,
O comentador afirmou ainda que “um ministro que nestas circunstâncias não sabe de nada é um ministro negligente” e “negligência não é próprio de uma pessoa competente”. “Dizer que não sabe de nada não é uma atenuante, neste caso é uma agravante” acrescentou.
No entanto, Marques Mendes considera que Medina “ficará no Governo, até porque é amigo pessoal do primeiro-ministro, mas fica fragilizado”.
Voltando a comentar a saída de Pedro Nuno Santos do Governo, o social-democrata considerou que o ex-ministro “tinha de assumir responsabilidades” e “não tinha alternativa credível”.
Na ótica do comentador, esta “não foi a única razão” que levou o ministro a abandonar o cargo. “Acho que ele antes do verão achava que ficar no Governo era bom para as pretensões futuras dele. Mas acho que ele foi mudando, evoluindo, nos últimos meses. Ele também achou que sair agora e nesta ocasião era melhor do que ficar dentro do Governo”, afirmou, explicando que Pedro Nuno Santos “acha que as coisas vão correr mal ao Governo”.
Alexandra Reis demitiu-se, na passada terça-feira, depois de o Correio da Manhã ter noticiado, no sábado, que a secretária de Estado recebeu uma indemnização no valor de 500 mil euros da TAP por sair antecipadamente do cargo de administradora executiva da companhia aérea portuguesa, quando ainda tinha de cumprir funções durante dois anos.
No dia seguinte, foi anunciada a demissão de Pedro Nuno Santos. “Face à perceção pública e ao sentimento coletivo gerados em torno" do caso da TAP, Pedro Nuno Santos decidiu "assumir a responsabilidade política e apresentar a sua demissão", lia-se num comunicado enviado pelo Ministério das Infraestruturas e da Habitação.
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