"Com a saída de Pedro Nuno Santos, o Governo fica mais fraco"

A deputada socialista Alexandra Leitão destacou o "ímpeto reformista" e a "coragem política" do ministro demissionário, "que faz muita falta".

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Ema Gil Pires
02/01/2023 09:48 ‧ 02/01/2023 por Ema Gil Pires

Política

Alexandra Leitão

A deputada socialista Alexandra Leitão, num espaço de comentário na CNN Portugal, considerou que "com a saída de Pedro Nuno Santos, o Governo fica mais fraco". Isto apesar de o até agora ministro das Infraestruturas e da Habitação ter mesmo "de sair" do Governo, na sequência da polémica que envolveu a secretária de Estado do Tesouro, Alexandra Reis, que entretanto também se demitiu.

Isto porque, elaborou a antiga ministra da Modernização do Estado e da Administração Pública, o Executivo socialista "perde um dos ministros, e não há assim lá tantos com essas características, com um ímpeto reformista e com coragem política, o que faz muita falta".

Apesar disso, como explicou Alexandra Leitão, o abandono do cargo era inevitável para o ministro, porque "a partir do momento em que o Ministério sabia, fosse através do próprio ministro ou de um secretário de Estado", a "coisa certa a fazer foi o que o Pedro Nuno Santos fez, sair e demitir-se".

Na sequência da série de demissões que tem assolado o Governo desde que assumiu a liderança do país, em janeiro passado, a socialista considerou agora que "11 demissões em nove meses é muito". Mas, ainda assim, "não há razão para uma dissolução da Assembleia da República ou para uma demissão do Governo", elaborou.

Isto porque, na sua ótica, a “maioria absoluta é recente”, “tem a liderá-lo a mesma pessoa que ganhou" as últimas eleições e que encabeçou a candidatura socialista com esse fim, e “não há uma oposição que seja alternativa” de Governo. 

No que diz respeito ao papel do ministro das Finanças, Fernando Medina, em toda esta polémica a envolver Alexandra Reis e a TAP, a deputada socialista foi perentória: "Ele diz que não sabia e eu acredito". Por isso, o que está em causa é o facto de a secretária de Estado demissionária não ter comunicado à tutela a sua situação profissional prévia.

Porém, Alexandra Leitão deixou uma questão: "Quando Fernando Medina convida uma pessoa que sabe que saiu da TAP e que entretanto está na NAV, até que ponto é que não devia ter feito mais escrutínio?"

Face à posição em que o ministro das Finanças permanece no Governo, a ex-ministra ressalvou que ele ficaria "melhor" no seu cargo "se nada disto tivesse acontecido". E elaborou: "Fica um pouco mais vulnerável, mas acho que, depois, se as coisas correrem bem, isso passa".

Já no que diz respeito à demissão de Alexandra Reis, a deputada considerou que a mesma até já o fez "tarde", pois a mesma era "inevitável". Até por causa de uma "questão política e ética" que se sobrepõe a tudo o resto - o facto de a mesma ter "ter sido a cara das negociações, dos despedimentos e dos cortes de salários aos trabalhadores, que tiveram de os aceitar para reestruturar TAP", o que é incompatível com a indemnização, no valor de meio milhão de euros, que recebeu quando abandonou a administração da companhia aérea.

E concluiu, recordando que Alexandra Reis foi "convidada, não para uma área do Governo totalmente diferente, mas sim para tutelar a empresa de onde saiu" com a já referida indemnização: "Uma pessoa com um bocadinho de traquejo político teria avisado quem a escolheu [para o cargo de secretária de Estado] de que estava naquela situação".

De recordar que, em apenas dois dias, na semana passada, registaram-se três novas demissões no Governo de António Costa, perfazendo-se já um total de 11 desde o início da atual legislatura, em janeiro de 2022. 

A primeira foi a de Alexandra Reis, secretária de Estado do Tesouro, na sequência da polémica indemnização, inicialmente reportada pelo Correio da Manhã, de 500 mil euros que recebeu da TAP após ter sido dispensada do cargo de administradora executiva da transportadora aérea, por iniciativa da empresa. A governante não chegou a estar mais de um mês no cargo que agora abandonou.

O ministro das Infraestruturas e da Habitação, Pedro Nuno Santos, viria depois, na noite de quarta-feira, a "assumir a responsabilidade política" por este polémico caso, apresentando a sua demissão, que foi imediatamente aceite por António Costa. Hugo Santos Mendes, secretário de Estado das Infraestruturas, seguiu o exemplo do responsável máximo do Ministério.

O caso, e consequentes demissões, têm motivado críticas por parte de todos os partidos com assento parlamentar - com a Iniciativa Liberal, inclusive, a ter apresentado uma moção de censura ao Governo socialista.

Leia Também: Carlos César: Pedro Nuno Santos "fará falta", mas ajudará "noutras áreas"

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