João Oliveira, dirigente do PCP, criticou, esta segunda-feira, o facto de o primeiro-ministro, António Costa, ter justificado a escolha de João Galamba e Marina Gonçalves para ministros como uma garantia "de que não haverá descontinuidade nas políticas" do Governo, considerando que deveria acontecer precisamente o contrário.
"Aquilo que era preciso alterar era precisamente alterar as opções que o Governo tem feito do ponto de vista das políticas que tem seguido", disse o comunista, em declarações à CNN Portugal, depois de destacar que, na sua declaração, Costa fez referência a um "conjunto de êxitos na sua governação" que as pessoas "não sentem".
João Oliveira defendeu que não se trata apenas de aumentar salários, aumentar pensões ou reforçar os serviços públicos, mas de "opções concretas" nas pastas que agora formam dois novos Ministérios - Habitação e Infraestruturas - nomeadamente no que diz respeito ao "aumento das portagens" ou "às necessidades absolutas que existem a propósito das questões da Habitação", como intervir para que as pessoas não percam as suas casas, por via do aumento do crédito à habitação e do aumento das rendas.
Questionado sobre o facto de o primeiro-ministro ter referido que as polémicas políticas da última semana não tiveram consequências nas vida dos portugueses, João Oliveira foi claro.
"As opções que têm que ver com organização do Governo e com a forma como o Governo se organiza para dar execução às suas politicas, eu diria que são matérias de interesse público e portanto dizem sempre respeito à vida dos portugueses", defendeu o ex-deputado, acrescentando que a resposta de Costa a estas questões é "ela própria utilizada como um elemento para procurar fugir" às consequências das políticas que o Governo tem feito e à "necessidade" de alterar estas políticas.
"Se a opção do Governo é de facto manter as mesmas politicas, eu julgo que dificilmente pode haver alguma expetativa dos portugueses relativamente a resultados diferentes das mesmas opções, mesmo que executadas por outras pessoas", rematou.
É de realçar que, hoje, António Costa propôs os atuais secretários de Estado João Galamba e Marina Gonçalves, respetivamente, para as funções de ministro das Infraestruturas e de ministra da Habitação. Proposta que foi aceite por Marcelo Rebelo de Sousa e que separa as pastas das Infraestruturas e da Habitação. O primeiro-ministro defendeu que João Galamba e Marina Gonçalves "são duas pessoas com experiência governativa" e que "dão garantias de que não haverá descontinuidade no que está a ser executado" pelo Governo socialista.
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