O presidente do PSD, Luís Montenegro, defendeu, esta terça-feira, a decisão do partido de se abster na votação à moção de censura ao Governo - apresentada pela Iniciativa Liberal -, afirmando que esta não é a altura para criar uma crise política no país.
Em declarações aos jornalistas, após reunir com os deputados durante a tarde, Montenegro disse que a decisão teve um "apoio esmagador" de todos os lados do partido e vincou a "vontade livre e democrática" do eleitorado na decisão.
"Este Governo está em exercício de funções há nove meses, houve legislativas há onze meses, nas quais o povo português expressou, por vontade livre e democrática, a intenção de ter o Partido Socialista com uma maioria absoluta no Parlamento para levar a cabo o seu programa", disse o presidente dos sociais-democratas, acrescentando que estes planeiam "respeitar a vontade do povo".
"Não somos um partido de protesto, somos um partido de Governo", salientou.
Montenegro garantiu que o partido não é "indiferente à desorientação que tem marcado este período por parte do Governo", enumerando que tem "denunciado todos os erros, omissões e casos que envolvem membros do Governo, incluindo do primeiro-ministro, casos esses que têm importância política".
Mas, reafirma, o país tem outras preocupações mais urgentes do que novas eleições, apesar de entender "que o Governo está a governar mal" e que "os principais problemas que o país enfrenta e com os quais os portugueses se cruzam todos os dias são enormes".
"Entendemos que, nesta altura, agravar a situação do país com uma crise política, com a abertura de uma campanha eleitoral de três ou quatro meses, é um desrespeito pela vontade manifestada pelo povo há pouco tempo, mas é também um desrespeito pela situação concreta que os portugueses hoje vivem", reiterou.
Montenegro acrescentou que o partido sabe "que esta iniciativa não vai ser consequente, há uma maioria absoluta no parlamento", assumindo que o PSD "tomou uma decisão de não ficar nem do lado da inconsequência, nem do lado da incompetência".
"Nós não defendemos, ao contrário do que defendem os promotores desta iniciativa, a queda do Governo e assumimos isso com toda a frontalidade", referiu ainda, considerando que uma eventual queda "acrescentaria ainda mais problemas" à situação do país.
O sentido de voto do PSD sobre a moção de censura ao Governo já tinha sido anunciado esta tarde, com o líder do partido a confirmar a abstenção à proposta avançada pela Iniciativa Liberal. O Bloco de Esquerda também vai-se abster.
A moção já tinha sido condenada ao chumbo pela maioria absoluta do Partido Socialista, a que se junta também o voto contra do Partido Comunista, do Pessoas-Animais-Natureza e do Livre.
O único partido a ficar do lado dos liberais foi o Chega, com André Ventura a pedir mesmo a dissolução da Assembleia da República a Marcelo Rebelo de Sousa.
A moção de censura será debatida na quinta-feira na Assembleia da República.
[Notícia atualizada às 20h24]
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