Na sessão plenária de hoje, foram ainda aprovados por unanimidade votos de pesar do Grupo Parlamentar do PS pelas mortes do diplomata Francesc Vendrell, no passado dia 27 de novembro, e do projecionista ambulante de cinema António Feliciano Inácio.
Tendo como primeiro subscritor o líder da bancada do PS, Eurico Brilhante Dias, considera-se no voto que a ação de António Mega Ferreira "ficará para sempre ligada à Expo-98, que transformou a zona oriental de Lisboa, tendo depois presidido à Parque Expo, ao Oceanário de Lisboa e ao Pavilhão Atlântico".
Um conjunto de equipamentos "que fica como legado daquela exposição e que inscreveram Mega Ferreira na história como uma referência incontornável da cultura e do pensamento português do pós-25 de abril, em particular no que respeita à projeção da jovem democracia portuguesa no espaço europeu".
"Ficará também conhecido como um inovador gestor cultural. Entre 2006 e 2012 presidiu à Fundação Centro Cultural de Belém onde, entre outras coisas, expandiu a fruição cultural às referências mundiais nas artes ao vivo", lê-se no voto apresentado pelo PS.
Licenciado em Direito pela Universidade de Lisboa e em Comunicação Social pela Universidade de Manchester, Mega Ferreira começou por ser jornalista e editor, tendo iniciado esta atividade ainda antes de 1974 no jornal Comércio do Funchal. Integrou, igualmente, as redações do Jornal Novo, do semanário Expresso, de O Jornal e da ANOP (Agência Noticiosa Portuguesa).
Na comunicação social, Mega Ferreira foi ainda chefe de redação da RTP2 e do Jornal de Letras, e fundou as revistas Ler e Oceanos.
No voto, o PS realça que, "para além da sua projeção como gestor cultural, a escrita assumiu-se sempre como profissão de coração" de Mega Ferreira, "tendo publicado como poeta e escritor mais de 40 obras, que vão desde a ficção, ao ensaio, à poesia e à crónica".
No voto de pesar pela morte de Francesc Vendrell, o Grupo Parlamentar do PS realça que este diplomata, que nasceu em Barcelona, dedicou grande parte da carreira ao serviço das Nações Unidas, em especial como representante do secretário-geral da ONU para Timor-Leste, sendo um defensor da paz e dos direitos humanos.
"Ao longo da sua carreira de mais de 40 anos ao serviço das Nações Unidas e outras organizações internacionais, desempenhou importantes funções como mediador de conflito, destacando-se a sua atuação em países como a Arménia, a Nicarágua, El Salvador, Guatemala, Haiti, Camboja, Myanmar ou Timor-Leste. Ao serviço das Nações Unidas desempenhou ainda funções no Afeganistão, ocupando também, entre 2002-2008, o cargo de Representante Especial da União Europeia nesse país", refere-se neste voto.
O PS destaca depois "o seu inestimável trabalho durante o processo de independência de Timor-Leste, situação que acompanhou sempre, desde a invasão de 1975" pela Indonésia. "Teve um papel decisivo na produção das oito resoluções da Assembleia Geral das Nações Unidas sobre Timor-Leste, adotadas entre 1976 e 1982, mantendo a atenção da comunidade internacional sobre a questão, e assumiu, mais tarde, o cargo de representante especial do secretário-geral das Nações Unidas para Timor-Leste", salienta-se.
Já sobre António Feliciano Inácio, natural de Sabóia, concelho de Odemira, que morreu aos 83 anos em 20 de dezembro passado, a bancada socialista refere "a sua paixão pela magia do cinema e que o levou desde cedo a projetar filmes junto das comunidades locais, deslocando-se aos mais recônditos povoados para que ninguém deixasse de ter acesso à denominada sétima arte".
Segundo o PS, António Feliciano, "o último projecionista ambulante", tinha um lema: "A cultura é para todos e deve chegar a todos".
"E foi com base nesta máxima e com grande esforço que construiu em Vila Nova de Milfontes a primeira sala de cinema do concelho de Odemira. A sua história de vida foi sendo contada com direito a grandes reportagens, documentários e até a uma canção da banda Azeitonas", acrescenta-se.
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