Parlamento unânime no pesar pela morte de António Mega Ferreira
O parlamento aprovou esta sexta-feira, por unanimidade, um voto de pesar apresentado pela bancada do PS pela recente morte de António Mega Ferreira, aos 73 anos, que se distinguiu como escritor, tradutor, jornalista e gestor cultural.
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Política Mega Ferreira
Na sessão plenária de hoje, foram ainda aprovados por unanimidade votos de pesar do Grupo Parlamentar do PS pelas mortes do diplomata Francesc Vendrell, no passado dia 27 de novembro, e do projecionista ambulante de cinema António Feliciano Inácio.
Tendo como primeiro subscritor o líder da bancada do PS, Eurico Brilhante Dias, considera-se no voto que a ação de António Mega Ferreira "ficará para sempre ligada à Expo-98, que transformou a zona oriental de Lisboa, tendo depois presidido à Parque Expo, ao Oceanário de Lisboa e ao Pavilhão Atlântico".
Um conjunto de equipamentos "que fica como legado daquela exposição e que inscreveram Mega Ferreira na história como uma referência incontornável da cultura e do pensamento português do pós-25 de abril, em particular no que respeita à projeção da jovem democracia portuguesa no espaço europeu".
"Ficará também conhecido como um inovador gestor cultural. Entre 2006 e 2012 presidiu à Fundação Centro Cultural de Belém onde, entre outras coisas, expandiu a fruição cultural às referências mundiais nas artes ao vivo", lê-se no voto apresentado pelo PS.
Licenciado em Direito pela Universidade de Lisboa e em Comunicação Social pela Universidade de Manchester, Mega Ferreira começou por ser jornalista e editor, tendo iniciado esta atividade ainda antes de 1974 no jornal Comércio do Funchal. Integrou, igualmente, as redações do Jornal Novo, do semanário Expresso, de O Jornal e da ANOP (Agência Noticiosa Portuguesa).
Na comunicação social, Mega Ferreira foi ainda chefe de redação da RTP2 e do Jornal de Letras, e fundou as revistas Ler e Oceanos.
No voto, o PS realça que, "para além da sua projeção como gestor cultural, a escrita assumiu-se sempre como profissão de coração" de Mega Ferreira, "tendo publicado como poeta e escritor mais de 40 obras, que vão desde a ficção, ao ensaio, à poesia e à crónica".
No voto de pesar pela morte de Francesc Vendrell, o Grupo Parlamentar do PS realça que este diplomata, que nasceu em Barcelona, dedicou grande parte da carreira ao serviço das Nações Unidas, em especial como representante do secretário-geral da ONU para Timor-Leste, sendo um defensor da paz e dos direitos humanos.
"Ao longo da sua carreira de mais de 40 anos ao serviço das Nações Unidas e outras organizações internacionais, desempenhou importantes funções como mediador de conflito, destacando-se a sua atuação em países como a Arménia, a Nicarágua, El Salvador, Guatemala, Haiti, Camboja, Myanmar ou Timor-Leste. Ao serviço das Nações Unidas desempenhou ainda funções no Afeganistão, ocupando também, entre 2002-2008, o cargo de Representante Especial da União Europeia nesse país", refere-se neste voto.
O PS destaca depois "o seu inestimável trabalho durante o processo de independência de Timor-Leste, situação que acompanhou sempre, desde a invasão de 1975" pela Indonésia. "Teve um papel decisivo na produção das oito resoluções da Assembleia Geral das Nações Unidas sobre Timor-Leste, adotadas entre 1976 e 1982, mantendo a atenção da comunidade internacional sobre a questão, e assumiu, mais tarde, o cargo de representante especial do secretário-geral das Nações Unidas para Timor-Leste", salienta-se.
Já sobre António Feliciano Inácio, natural de Sabóia, concelho de Odemira, que morreu aos 83 anos em 20 de dezembro passado, a bancada socialista refere "a sua paixão pela magia do cinema e que o levou desde cedo a projetar filmes junto das comunidades locais, deslocando-se aos mais recônditos povoados para que ninguém deixasse de ter acesso à denominada sétima arte".
Segundo o PS, António Feliciano, "o último projecionista ambulante", tinha um lema: "A cultura é para todos e deve chegar a todos".
"E foi com base nesta máxima e com grande esforço que construiu em Vila Nova de Milfontes a primeira sala de cinema do concelho de Odemira. A sua história de vida foi sendo contada com direito a grandes reportagens, documentários e até a uma canção da banda Azeitonas", acrescenta-se.
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