Luís Marques Mendes versou, este domingo, no seu habitual espaço de comentário na SIC, sobre os 'casos' que se sucedem no Governo, apelidando-os de "uma coisa um bocadinho assustadora", uma vez que "não há meio de isto parar".
"Olhando para esta semana e para as semanas anteriores temos aqui um retrato que é, de facto, completamente anormal: um festival de demissões, uma coisa incompreensível. Agora, já todas as semanas se pensa qual é o secretário de Estado ou o ministro que vai cair", indicou o comentarista, acrescentando que "o Governo parece que está em extinção, é a imagem pública que passa".
Em terceiro lugar, o social-democrata indicou que o primeiro-ministro está "em perda de autoridade". "António Costa já tinha perdido a autoridade, por exemplo, no conflito com Pedro Nuno Santos e acho que, esta semana, voltou a perder também - na nomeação de outros membros do Governo" .
"Não há maior desautorização de um primeiro-ministro do que o que aconteceu naquela tarde"
Mas, para Marques Mendes, o "exemplo mais paradigmático" foi na quinta-feira, na Assembleia da República, no debate da moção de censura: "O primeiro-ministro a defensor a secretária de Estado da Agricultura, ou seja, a defensor a sua manutenção em funções . Duas horas depois, o Presidente da República a dizer que [esta] não tinha condições políticas para continuar. Uma hora a seguir, ela toma a iniciativa de sair".
"Isto não há maior desautorização de um primeiro-ministro do que o que aconteceu naquela tarde. E não digo isto com satisfação", vincou o comentarista.
De acordo com Marques Mendes, o chefe de Governo "sai desautorizado" e "Governo já é tratado com galhofa, com chacota, já é motivo de anedota: 'deixa ver quem cai hoje, deixa ver quem cai amanhã'". "Isto é ridículo e o ridículo mata - neste caso a confiança do Governo" .
E quem beneficia com esta situação? "Populistas, radicais, extremistas e, portanto, o Chega deve estar, por exemplo, a abraçar as mãos de content" .
"António Costa não está a saber lidar com a maioria absoluta"
Uma das razões apontadas para este "estado de degradação" a que o Governo está a chegar prende-se, na ótica do conselheiro de Estado, com o facto de "António Costa não estar a saber lidar com a maioria absoluta que recebeu do povo português" .
"Não está a saber ter autoridade, liderança e um projeto transformador do país. Isto legitima muito a ideia de que a maioria veio tarde e, talvez, não tenha vindo para o sítio correto", frisou.
Marques Mendes sublinhou ainda que o Executivo tem obrigatoriedade 2026 e até "é bom que o compre", mas "com tudo o que está a acontecer, se esta ruína continua, acho que vai ser difícil o Governo chegar a 2026, porque não há milagres na política" .
"Se as coisas correm mal ao Governo e ao PS nas eleições europeias, corre-se o risco de haver uma dispensação e umas eleições antecipadas e já não haver uma segunda fase da legislatura", afirmou, lançando: "Está nas mãos do Governo evitar esta situação. Completamente nas mãos do Governo".
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