Ana Gomes defendeu que a ministra da Agricultura, Maria do Céu Antunes, deve ser "demitida ou demitir-se" para encerrar o caso da agora ex-secretária de Estado daquela tutela Carla Alves, considerando ainda que os últimos acontecimentos demonstram uma "tremenda instabilidade" do Governo e que o primeiro-ministro, António Costa, tem de "fazer o seu trabalho".
No seu habitual espaço de comentário na SIC Notícias, este domingo, a antiga eurodeputada começou por lembrar as demissões ocorridas no Governo em menos de um ano, considerando que é algo "bastante grave".
"Se a palavra estabilidade tem sido o mantra do PS, os últimos acontecimentos mostram uma tremenda instabilidade. Treze demissões do Governo em nove meses é obra. Não me lembro que em Democracia tenhamos vivido qualquer coisa assim. Isto é bastante grave", começou por dizer Ana Gomes.
"Aqui o que é essencial é que o primeiro-ministro se compenetre que tem de fazer o seu trabalho, que é governar correspondendo à confiança que a maioria dos portugueses lhe deu, quando lhe deu a maioria absoluta. Governar, sentar-se, coordenar, ter objetivos, ter metas, pôr os ministros a funcionar e, naturalmente, tratar de pôr gente competente e não fidelidades", acrescentou.
Para Ana Gomes, a intervenção do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, foi "decisiva ao longo de toda esta crise". A comentadora acredita mesmo que o facto de ter sido confrontado por populares, no concelho de Murça, em dezembro, fez o chefe de Estado "acordar", destacando que Marcelo "não teve Natal" e "andou por todo o lado".
Lembrando que Marcelo já explicou que não pretende dissolver o Parlamento, a antiga eurodeputada mostrou-se de acordo com esta decisão. "Penso que de facto não se justifica de todo a dissolução neste momento", disse. "Tenho esperança que o primeiro-ministro puxe pelas suas qualidade políticas e ainda consiga recuperar", acrescentou.
Comentando depois a polémica com Carla Alves, que esteve pouco mais de 24 horas no cargo de secretária de Estado da Agricultura, Ana Gomes considerou que o caso não está encerrado e que há questões por clarificar - ao contrário do que já foi defendido pelo primeiro-ministro e pelo Presidente da República.
"Por exemplo, acho que a ministra da Agricultura tem de se demitir ou ser demitida, porque aquele comunicado de vir tentar dizer, jogar com as palavras, jogos florais, que não sabia que a senhora estava envolvida em processos judicias. Mas onde é que a senhora ministra vive? Arresto de contas bancárias num estado de direito democrático só com processo judiciais. Não foi dá cá aquela palha de uma qualquer autoridade", afirmou.
"Portanto, a senhora ministra não podia deixar de saber e não pode obviamente, também por outras razões - eu penso que ela tem sido uma má ministra da Agricultura - (…) não me parece que este caso possa ser encerrado sem que ela possa ser demitida ou demitir-se", concluiu.
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