"Não me lembro de Luís Montenegro ter essa opinião quando o Partido Socialista ganhou as eleições [europeias] em 2014. Nós temos de ser consequentes. (...) Em 2013, [o PSD] já tinha tido uma gravíssima crise política com uma demissão irrevogável - e não me lembro de o dr. Luís Montenegro ter pedido a dissolução da Assembleia da República e ter pedido ao [à data] Presidente da República, Cavaco Silva, eleições", declarou Eurico Brilhante Dias quando confrontado com um cenário de antecipação das legislativas na sequência de um mau resultado do PS nas europeias de 2024.
Montenegro avisara que quando entender que é o momento de interromper a legislatura irá fazer esse apelo ao Presidente da República, apesar de considerar que esta ainda é "a hora" de António Costa.
"O PPD-PSD tem de se concentrar naquilo que é mais importante: ser alternativa ao PS e em 2026 apresentar um programa alternativo ao do PS. Porque é na democracia, na construção de alternativas que se faz o jogo democrático", disse.
Segundo Eurico Brilhante Dias, "o pior que podia acontecer era ao programa do PS, ao programa desde Governo, não haver alternativa". "E aquilo que vemos, neste momento, manifestamente, é que não há programa alternativo ao do PS", sustentou.
Confrontado pelos jornalistas sobre a imagem fragilizada do executivo após "os casos e casinhos" que conduziram a várias saídas, o presidente do Grupo Parlamentar do PS defendeu que "todos os governos têm de resolver problemas, quer na sua orgânica, quer na sua organização, quer sejam de maioria absoluta, quer não".
"Quando olhamos para os casos sobram de factos, três, não sei se quatro, que têm um contexto político diferente e esses foram sendo ultrapassados. Os portugueses sabem que o essencial da política não é resolver os problemas da orgânica do Governo. O essencial da política é resolver os problemas da sua vida", assinalou, indicando que houve membros do Governo que saíram por doença, outros por vontade própria.
Considerando haver muito trabalho pela frente, como a Agenda para o Trabalho Digno, para concluir na Assembleia da República, o deputado socialista salientou que os portugueses mostraram, de forma inequívoca, que confiavam em António Costa e no PS.
"Nós temos um mandato, um programa para cumprir até 2026, este sinal de estabilidade que dou é uma resposta à vontade de estabilidade dos portugueses. É nisso que temos de nos concentrar", reiterou.
O Governo socialista de maioria absoluta que resultou das últimas eleições legislativas registou até agora, ao fim de dez meses em funções, quatro remodelações, com 12 exonerações e a entrada de 14 novos governantes.
O XXIII Governo Constitucional foi empossado pelo Presidente da República em 30 de março de 2022, dois (longos) meses após o triunfo eleitoral do PS com maioria absoluta por causa da repetição das eleições no círculo eleitoral da Europa.
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