Em declarações aos jornalistas no parlamento, André Ventura criticou a indicação feita hoje pelo PS de que será o deputado Jorge Seguro Sanches a presidir à comissão parlamentar de inquérito sobre TAP proposta pelo BE.
"Jorge Seguro Sanches era secretário de Estado na altura da derrapagem das obras do hospital militar de Belém e se é verdade que foi até o elemento político que aparentemente terá denunciado, questionado e criticado não só a nomeação de Alberto Coelho como a própria derrapagem das obras, esta parece-nos ser uma tentativa por parte do PS de calar este deputado", sustentou.
Para o líder do Chega, "esta indicação do PS é caricata, bizarra e esconde as verdadeiras intenções do PS que só podem ser a de calar ou neutralizar o deputado Jorge Seguro Sanches em matéria daquilo que o parlamento vai investigar para a semana, que é a derrapagem das obras no hospital militar de Belém".
"É bizarro que tenhamos a presidir talvez a uma das mais importantes comissões de inquérito que este parlamento já teve alguém que provavelmente estará no centro de uma outra investigação relacionada com a defesa", acrescentou.
Na opinião de André Ventura, é incompreensível que o PS "continue a alinhar nesta destruição do prestígio das instituições e a alinhar nesta desagregação da credibilidade das instituições".
"O PS quer abandalhar o funcionamento da Assembleia da República e está a conseguir com estas indicações surpreendentes para uma comissão de inquérito", enfatizou, adiantando que o Chega vai indicar como coordenador pelo partido para esta comissão de inquérito o deputado Filipe Melo.
Aos jornalistas, o presidente do Chega quis ainda referir-se à questão da ministra da Agricultura, que considerou não ter "condições para continuar" no Governo, dando como exemplos "a não presença na orgânica do Governo da secretária de Estado da Agricultura" e a "implicação e o conhecimento que esta ministra tinha não só no caso de Carla Alves como no caso da subdiretora geral para a veterinária".
"O Chega está a estudar e vai certamente, se for possível, pedir a apreciação parlamentar do decreto [sobre a orgânica do Governo]", adiantou.
Apesar de assumir que pode haver "um conflito de competências entre a Assembleia e o Governo porque esta matéria exclusiva de competência do Governo", André Ventura referiu que o parlamento "tem competência para apreciar os decretos-lei" e que por isso o partido tenciona "fazê-lo mesmo nesta matéria de competência do Governo" por entender "que é uma matéria de interesse nacional e a extinção da secretaria de Estado da agricultura dá um sinal péssimo ao mundo rural e aos agricultores que estão em luta".
Hoje de manhã, o líder parlamentar do PS, Eurico Brilhante Dias, anunciou que o partido ia indicar para presidir à comissão parlamentar de inquérito da TAP Jorge Seguro Sanches e que o coordenador do PS nessa comissão será o deputado Carlos Pereira.
Segundo Brilhante Dias, Jorge Seguro Sanches "é um deputado que tem experiência" e que, no "conjunto da sua vida parlamentar e não só, está a habituado a coordenar reuniões".
"Para além da sua experiência jurídica, parece-nos ser uma das pessoas, das personalidades, dos deputados do nosso Grupo Parlamentar que estaria em melhores condições de fazer, naquela comissão parlamentar de inquérito, um grande consenso", enfatizou, acrescentando que o seu partido "acredita muito" nas capacidades de Jorge Seguro Sanches para ser um presidente "não só isento, mas que contribua para o bom funcionamento da comissão parlamentar de inquérito".
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