Incêndio na Mouraria "revela mais uma vez a incúria do Estado"

Dois mortos, de nacionalidade indiana, e 14 feridos, já todos com alta hospitalar, é o balanço de um incêndio na noite de sábado num prédio em Lisboa, habitado essencialmente por cidadãos indianos.

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Notícias ao Minuto
06/02/2023 09:58 ‧ 06/02/2023 por Notícias ao Minuto

Política

Ana Gomes

Ana Gomes considerou, na noite de domingo, que o incêndio na Mouraria, onde morreram duas pessoas, um homem e um adolescente de 14 anos, foi uma "tragédia" que pôs em perigo todo o prédio, bem como a rua, "revela mais uma vez a incúria do Estado e da Câmara Municipal de Lisboa".

"Habitação a preços excessivos por causa de políticas desastrosas, que fomentam os vistos gold e dão borlas fiscais aos fundos imobiliários", mencionou a antiga diplomata, no seu comentário de domingo na SIC Notícias, abordando ainda os nómadas digitais.

Para a ex-eurodeputada socialista, "estamos a vender o país de forma inacreditável".

"Este é um exemplo claro que alimenta a narrativa da extrema-direita, por falha dos poderes públicos", continua, falando ainda sobre a falta de fiscalização e as "desastrosas" políticas de habitação. 

As condições de segurança e habitabilidade do prédio onde ocorreu o incêndio serão avaliadas, esta segunda-feira, pela Câmara Municipal de Lisboa. De acordo com a última atualização do Serviço Municipal de Proteção Civil (SMPC), até agora foi apurado que viviam no prédio, no bairro da Mouraria, dois cidadãos belgas, dois argentinos, dois portugueses, três bengalis e 15 indianos.

O incêndio, que segundo os bombeiros começou na cozinha do rés-do-chão do edifício, afetou 25 pessoas, 24 residentes e um não residente, deixando 22 desalojados.
 
Há ainda a registar a morte de dois cidadãos indianos e um ferido que não residia no prédio em questão. Dos desalojados, 13 estão numa unidade hoteleira de Lisboa, a cargo da Santa Casa da Misericórdia e os restantes encontraram solução por modo próprio.

A diretora do SMPC, Margarida Castro, disse à agência Lusa que a Polícia Judiciária já examinou o local, para apurar as eventuais causas do incêndio e a existência ou não de indícios de crime. Ainda não foram divulgadas conclusões.

O alerta para o incêndio foi dado às 20h37 de sábado e o fogo foi declarado extinto às 21h15, segundo o Regimento de Sapadores de Bombeiros.

O fogo só atingiu o rés-do-chão do prédio, na Rua do Terreirinho. O presidente da Câmara de Lisboa, Carlos Moedas, esteve no local na noite de sábado e garantiu que todos os desalojados seriam apoiados, lamentando as duas mortes.

O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, também falou com Carlos Moedas logo na mesma noite, para se inteirar da situação, lamentando igualmente a perda de vidas.

Todas as pessoas internadas em hospitais tiveram alta, durante a noite ou durante o dia de hoje, e foram assistidas essencialmente por inalação de fumos, disseram as autoridades hospitalares.

Na segunda-feira será feita uma vistoria ao edifício por parte do serviço municipal competente, a Unidade de Intervenção Territorial Centro Histórico, da Câmara Municipal de Lisboa, para avaliar as condições de segurança e habitabilidade do prédio.

Leia Também: Mouraria. O que se sabe sobre o incêndio que fez dois mortos e 14 feridos

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