Ventura saúda "aproximação de posições" do PSD mesmo sem reuniões
O presidente do Chega apontou hoje uma "aproximação de posições" do PSD ao seu partido, dizendo que, mesmo sem reuniões, Luís Montenegro já deixou cair algumas "linhas vermelhas" na imigração e nos apoios da Segurança Social.
© Getty
Política André Ventura
"Se começa a utilizar as bandeiras do Chega e diz aquilo que o presidente do Chega diz, até é melhor. Não quer reunir comigo, mas já diz o que eu digo, imagine depois de reunir comigo, sai de lá a dizer que temos um governo fortíssimo de direita para os próximos anos em Portugal", afirmou André Ventura, questionado pelos jornalistas à margem de uma reunião com o presidente da Câmara Municipal de Loures, a propósito das Jornadas Mundiais da Juventude.
Ventura foi questionado, em concreto, se declarações recentes de Luís Montenegro sobre imigração e sobre os rendimentos das pessoas com apoios da Segurança Social seriam uma tentativa de esvaziar as bandeiras do Chega.
"A tentar está, mas apenas consegue esvaziar as do PSD. O PSD sempre disse que não podia falar com o Chega porque haveria três ou quatro linhas vermelhas, e entrem elas estão a imigração ou os apoios da Segurança Social", responder.
Para André Ventura, "ter o líder do PSD a dizer, de uma forma diferente, o que diz o Chega e o presidente do Chega só pode significar que não há linhas vermelhas".
"Estamos no bom caminho para formar um Governo, registo este 'mea culpa' do dr. Luís Montenegro, este volte face do PSD. Estamos no caminho certo para ter um Governo que fiscalize os desvarios da Segurança Social e de um país que quer receber bem os imigrantes, receber quem pode -- o Chega não é contra a imigração, espero que o PSD também não seja - e que, naturalmente, privilegie as comunidades imigrantes que para trabalhar e para se integrar", afirmou.
Questionado sobre a recusa reiterada do presidente do PSD em reunir consigo, André Ventura considerou que se trata de uma "questão pessoal" para colocar a Luís Montenegro, mas desvalorizou esse aspeto.
"É evidente que este PSD é um PSD que está a fazer um esforço para se aproximar porque percebeu que a direita tem estas posições e percebeu que só pode governar à direita", frisou, dizendo que o partido está a voltar ao caminho que o anterior líder, Rui Rio, impediu que seguisse, o de "um PSD que quer estar à direita".
"Depois veremos quem lidera a direita, neste momento ainda é o PSD nas sondagens mas temos esperanças que muito em breve possa ser o Chega. Para já é um sinal muito positivo esta aproximação de posições", saudou.
No domingo, o presidente do PSD considerou "imoral uma sociedade onde as pessoas que trabalham chegam ao fim do mês e ganham menos do que pessoas que não trabalham".
"Independentemente de nós não querermos deixar ninguém para trás, o pior que podemos fazer é desincentivar aqueles que produzem, aqueles que trabalham, aqueles que têm uma oportunidade, que dão o seu esforço e que chegam ao fim do mês e têm menos rendimento do que aqueles outros que não fazem esse esforço", defendeu o líder social-democrata, no encerramento do Congresso dos Trabalhadores Social-Democratas (TSD).
Na mesma ocasião, Luís Montenegro defendeu que Portugal precisa de "atrair mão-de-obra qualificada" o mais brevemente possível e considerou que os cidadãos estrangeiros devem trazer as suas famílias.
Na quinta-feira, na Guarda, Montenegro tinha defendido que o país deveria receber imigrantes "de forma regulada" e "procurar pelo mundo" as comunidades que possam interagir melhor com os portugueses.
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