João Ferreira, vereador do PCP na Câmara de Lisboa, referiu, esta segunda-feira, que a "Galp privatizada é um aspirador de recursos do povo e do país que entrega a capitalistas nacionais e (sobretudo) estrangeiros".
A consideração foi feita pelo comunista numa série de publicações na rede social Twitter, onde defendeu: "Devolver ao povo o que foi do povo e lhe foi retirado é um imperativo democrático".
Destacando que uma "empresa estratégica deve servir o interesse público", João Ferreira apontou ainda, a este propósito, que os "acionistas (maioritariamente estrangeiros)" da energética "continuam a distribuir dividendos acima dos lucros, descapitalizando a empresa" - criticando, assim, as mais recentes decisões da energética nesse sentido, também agora anunciadas.
"A Galp teve 1.104 milhões de euros de lucros (881 + 223 distribuídos a interesses minoritários nalgumas empresas do grupo), no mesmo ano em que o povo foi fustigado com sucessivos aumentos do preço dos combustíveis e em que os impostos sobre os combustíveis foram reduzidos", elaborou o comunista, a propósito das conquistas da empresa em 2022.
E concluiu, deixando uma crítica às políticas de natureza eminentemente liberal: "A redução dos impostos - a banha da cobra dos liberais - foi assim, sem surpresas, açambarcada pelos lucros".
A Galp privatizada é um aspirador de recursos do povo e do país que entrega a capitalistas nacionais e (sobretudo) estrangeiros. Devolver ao povo o que foi do povo e lhe foi retirado é um imperativo democrático. Uma empresa estratégica deve servir o interesse público. 3/3 🧶
— João Ferreira (@joao_ferreira33) February 13, 2023
A posição do vereador comunista em Lisboa surge depois de a Galp Energia ter comunicado, esta segunda-feira, à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) que registou um lucro (histórico) de 881 milhões de euros no ano passado - o maior que alguma vez atingiu.
Em causa está, inclusive, um aumento de 93% (quase o dobro) no resultado líquido da petrolífera, face aos 457 milhões de euros obtidos pela mesma em 2021.
Tais resultados positivos da empresa surgem num ano que fica eminentemente marcado pela crise energética na Europa (que provocou aumentos sucessivos dos preços dos combustíveis) e, também, pelo início da guerra na Ucrânia.
À CMVM, a administração da GALP propôs ainda distribuir um dividendo bruto de 52 cêntimos por ação - quando, no ano anterior, se ficava pelos 50 cêntimos por ação.
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