A partir do Rossio, em Lisboa, a deputada do Bloco de Esquerda Joana Mortágua disse, relativamente às greves dos professores que têm marcado o país nos últimos meses, que o partido "há muito tempo que alerta que o país está a ficar sem professores e, a cada ano que passa, há cada vez mais alunos sem aulas".
"Aqui, joga-se o futuro do país. Não é isso que tem sido entendido com responsabilidade", atacou a bloquista.
O cenário de alunos sem aulas não existe, no entanto, por causa das greves, argumentou Joana Mortágua, mas sim pela falta de docentes. "Estaremos cá todas as vezes que os professores tiverem a coragem de sair às ruas, porque a luta que estão a fazer é pela escola pública, é determinante", defendeu Joana Mortágua, considerando ser uma "injustiça" que os docentes nos Açores e na Madeira tenham visto recuperado o seu tempo de serviço, contrariamente aos seus colegas de profissão no continente.
"Eu prefiro que os meus impostos paguem salários dignos a professores do que prémios milionários a gestores da TAP. É este debate que o país está a fazer, sobre o futuro da escola pública, e isso passa por um salário digno. Nos últimos anos, isso não aconteceu, é uma injustiça enorme", acusou a deputada, que disse esperar que os docentes "tenham coragem e saúde para vir à rua muitas vezes".
Questionada sobre se o partido admitia uma 'mea culpa' no tratamento dos docentes pelo Governo nos últimos anos, tomando em conta que, até 2022, o país foi governado por uma coligação entre PS, PCP e BE, Joana Mortágua preferiu refutar. "O Bloco, quando esteve na 'geringonça', estava numa circunstância em que o PS tinha minoria. Nunca hesitamos em fazer maiorias contra o PS, quando era justo", defendeu.
Mortágua apontou o dedo, aliás, ao PSD e CDS, acusando os partidos da Direita de "recuar", em 2019, na votação de uma proposta do Bloco para repor o tempo de serviço dos professores, depois de ter acenado inicialmente com um voto a favor. "Traíram a palavra dada e não votaram a recuperação do tempo de serviço. Foi um erro fatal para a carreira dos professores. Muito do que estamos a ver agora, da falta de capacidade de atração da carreira, não teria acontecido se tivéssemos dado um sinal em 2019 de que o país estava melhor", concluiu a deputada.
O setor da Educação tem estado em greve nos últimos meses, reivindicando melhores condições de trabalho e a reposição do tempo de serviço congelado.
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