O secretário-geral do PCP assinalou esta quinta-feira o centenário do nascimento de Alda Nogueira, a histórica militante do partido que esteve presa durante mais de nove anos, por motivos políticos, durante a ditadura.
Numa sessão pública em Lisboa, Paulo Raimundo salientou a "justa homenagem" a Alda Nogueira, sublinhando o seu "exemplo de vida no combate pela liberdade e democracia" e a sua luta "pela vida de militância, de combate pela igualdade e emancipação social, e pela paz".
"As causas que abraçou, entre as quais a luta em defesa dos direitos das mulheres, na lei e na vida e pela sua emancipação assumem a maior atualidade, desde logo pela espiral de agravamento das condições de vida e de trabalho das mulheres, pelo incumprimento dos seus direitos, mas também pela vigorosa resposta que muitos milhares de mulheres deram este ano, e mais uma vez, na afirmação dos seus direitos nas comemorações do Dia Internacional da Mulher", afirmou, num discurso publicado no site do partido.
Alda Nogueira tornou-se militante do Partido Comunista Português em 1942, quando o partido vivia na clandestinidade e se afigurava como a maior voz da oposição ao Estado Novo e à ditadura. Colaborou com Maria Lamas e foi uma das principais vozes do feminismo português durante a ditadura e contribuiu para revistas feministas, ações que acabaram por obrigá-la a viver, também ela, na clandestinidade, onde continuou a publicar textos através do Avante!.
Em 1959, Alda Nogueira foi presa pela PIDE e cumpriu nove anos e três meses de prisão, tornando-se na mulher que mais tempo esteve presa num único estabelecimento prisional durante o Estado Novo, em Caxias. Quando saiu, foi para o estrangeiro, onde continuou a produzir e a distribuir propaganda antifascista para Portugal.
Em democracia, foi eleita deputada à Assembleia Constituinte de 1975 e para a Assembleia da República em 1976, onde foi deputada até 1986.
Para Paulo Raimundo, Alda Nogueira exemplifica a luta dos comunistas pelos direitos das mulheres, considerando que é o PCP é "um partido que sempre e de sempre o mais sólido e coerente aliado na defesa dos direitos das mulheres e da sua luta emancipadora".
"São 102 anos de ação e luta pelo aprofundamento dos direitos das mulheres, na lei e na vida, por avanços no fim do aborto clandestino e inseguro, na aprovação de legislação relativa à interrupção voluntária da gravidez, na defesa da maternidade e paternidade como função social, no fim da violência sobre as mulheres, entre muitos outros importantes avanços", vincou o secretário-geral do PCP, aproveitando também para recordar o 102.º aniversário do partido.
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