Apoios? "Não são medidas que tornem a economia mais justa, mais forte"

Catarina Martins defende que é preciso aumentar salários "em linha com a inflação" e considera que o Governo se esqueceu dos pensionistas.

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© Horacio Villalobos#Corbis/Corbis via Getty Images

Carmen Guilherme
25/03/2023 10:00 ‧ 25/03/2023 por Carmen Guilherme

Política

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A coordenadora do Bloco de Esquerda, Catarina Martins, considerou, este sábado, que as novas medidas de apoio lançadas pelo Governo não tornam "a economia mais justa, mais forte", insistindo que é preciso controlar os preços dos bens essenciais e aumentar salários.

"Estas medidas do Governo não são medidas que tornem a economia mais justa, mais forte. Nós insistimos: precisamos mesmo de controlar os preços dos bens essenciais e precisamos de aumentar salários. Há quem esteja a fazer milhões de lucros - olhem para os números - e quem vive do seu salário continua a perder todos os dias", disse a bloquista, em declarações aos jornalistas no Funchal, Madeira.

Momentos antes, Catarina Martins havia defendido que é preciso "aumentar salários", mas "em linha com a inflação, para as pessoas não continuarem a perder poder de compra" e afirmou que as medidas agora anunciadas "chegam tarde".

"Ficámos a saber várias coisas. Em primeiro lugar, que sempre houve capacidade orçamental para se fazer muito mais pelos salários e pelo apoio às famílias em Portugal e o Governo não fez mais porque não quis. E é por isso hoje que temos mais pessoas em situação vulnerável do que tínhamos. Temos três milhões de pessoas em situação vulnerável", salientou, notando que, "por recusar agir durante tanto tempo", o executivo fez com que "mesmo aqueles trabalhadores a quem o Governo diz que eventualmente fará um pequenino aumento de salário" já tenham perdido um mês de salário devido à inflação atual.

"Ou seja, o Governo chega tarde, muito tarde, já quando as pessoas estão muito desesperadas", considerou.

A líder bloquista apontou que "há pessoas que, tendo a vida muito difícil, ficam completamente de fora dos apoios que são agora anunciados", incluindo os pensionistas, que foram "esquecidos".

"E não [é aumentar salários] só para algumas [pessoas], é preciso ter uma política que consiga esse aumento de salários e de pensões, porque os pensionistas foram absolutamente esquecidos em tudo isto e estão a perder - e muito", considerou.

"E depois claro, é preciso controlo de preços. O Governo diz que está muito esperançado em que, cortando o IVA de um pacote de produtos, que ainda não sabemos o que é, vai resolver o problema, mas como o próprio Governo reconhecia, ainda há pouco tempo, cortar o IVA sem controlo de preços faz com que a grande distribuição possa incorporar isso nos preços. Ou seja, podemos estar a pôr os contribuintes a darem mais lucro à grande distribuição e a grande distribuição tem tido lucros de milhões", afirmou ainda.

Recorde-se que o Governo apresentou ontem um pacote de medidas para responder ao aumento do custo de vida, entre elas um novo aumento salarial de 1% para a função pública e IVA zero num cabaz de bens alimentares considerados essenciais.

[Notícia atualizada às 12h05]

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