"A manter-se esta unidade e esta determinação - e aquilo que se conhece é que ela está aí -, não será fácil ao Governo não dar resposta aos problemas que estão colocados", previu Paulo Raimundo, na sede nacional do PCP, em Lisboa, após um encontro com a Plataforma de Sindicatos de Professores.
Raimundo salientou que, "se há coisa de que não se pode acusar os professores, é de falta de empenho na defesa e na garantia da continuação e do aprofundamento da escola pública".
Para o dirigente comunista, "não se pode acusar os professores de falta de disponibilidade, pode-se acusar e pôr o ónus todo no Governo e nas suas opções de procurar fazer tudo para iludir uma eventual negociação que, na prática, não está em curso".
"Saímos daqui com a confiança e compromisso de que a luta terá necessariamente de continuar e o Governo terá de encontrar respostas e soluções", frisou.
Na véspera de uma reunião entre os sindicatos e o Governo no Ministério da Educação, Paulo Raimundo destacou que os professores têm mostrado abertura para discutir a reposição faseada do tempo de serviço, o que faz com que o executivo não pode furtar-se a negociar.
"Aquilo que o Governo tem demonstrado nos últimos tempos não cria boas expectativas para essa negociação, [mas] a razão dos professores, a disponibilidade que têm para negociar essa solução, criaria todas as condições para que saísse amanhã [quarta-feira] um plano de trabalho para concretizar esse reconhecimento do tempo integral de serviço", sublinhou.
Por sua vez, o líder da Fenprof, Mário Nogueira, frisou que os professores continuam determinados e que a sua luta "está longe de terminar", uma vez que o Governo "não vai dando mostras de estar disponível" para resolver os problemas na carreira docente.
Mário Nogueira indicou que, nos contactos com os partidos políticos - a plataforma sindical já se reuniu com o BE e, esta tarde, reúne-se também com o PSD -, os sindicatos têm procurado transmitir as suas reivindicações, mas também uma "preocupação muito grande" com o que chamou de "atentados contra o direito à greve".
Para o secretário-geral da Fenprof, os serviços mínimos que o Governo decretou são "absolutamente ilegais" e "têm impedido os professores de levarem a sua luta por diante", transformando a greve "num ato de coragem, quando deveria ser um ato de liberdade".
É "inaceitável e, para além dos recursos que estamos a fazer nos tribunais e junto de entidades nacionais e internacionais diversas, os partidos políticos evidentemente que também na Assembleia da República não deixarão de ter uma posição relativamente a este bloqueio ao exercício do direito à greve", disse.
Como forma de contornar a imposição de serviços mínimos, Mário Nogueira referiu que os sindicatos, no próximo período de greves, entre 17 de abril e 12 de maio, todas as ações irão começar às 12:00.
"Teremos sempre concentrações à tarde nas capitais de distrito, todos os dias, e depois um dia de greve - e esse vai ser o dia todo, haveremos de encontrar foram de ultrapassar o problema dos serviços mínimos -, que é no dia 06/06/2023, ou seja, correspondente aos seis anos, seis meses e 23 dias que estão a roubar aos professores", disse.
Questionado se também considera que está em causa o direito à greve, o secretário-geral do PCP considerou que, através dos serviços mínimos, o Governo encontrou "uma manobra para procurar limitar a intervenção, a ação e a luta" dos professores, que "terá de ser desmascarada".
"Criou muitas dificuldades, e cria dificuldades, (...) mas não limitou a resposta dos professores. Pelo contrário, até se encontraram soluções criativas para dar resposta a essa manobra", concluiu.
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