Mariana Mortágua considerou esta segunda-feira que a "TAP foi sugada por prémios aos gestores e contratos ruinosos, que só beneficiaram o acionista privado".
A candidata a líder do Bloco de esquerda afirmou, numa publicação na rede social Twitter, que "Costa garantiu o aumento da presença do Estado, mas não uma gestão pública competente" da companhia aérea.
"A escolha não pode ser entre um privado que destrói a TAP e as trapalhadas do Governo", disse ainda.
A TAP foi sugada por prémios aos gestores e contratos ruinosos, que só beneficiaram o acionista privado. Costa garantiu o aumento da presença do Estado, mas não uma gestão pública competente. A escolha não pode ser entre um privado que destrói a TAP e as trapalhadas do Governo.
— mariana mortágua (@MRMortagua) April 10, 2023
Recorde-se o primeiro-ministro considera gravíssimo o email que o ex-secretário de Estado Hugo Mendes enviou à presidente executiva da TAP sobre o chefe de Estado e afirma que teria obrigado à sua demissão na hora.
Esta posição de António Costa foi transmitida em resposta à agência Lusa antes de partir para uma visita de dois dias à Coreia do Sul, depois de questionado sobre o teor do polémico email do ex-secretário de Estado das Infraestruturas, que se tornou público na comissão parlamentar de inquérito sobre a gestão da TAP.
"Como ainda não parti, respondo a essa questão de política interna. Cada instituição tem o seu tempo e este é o tempo da Assembleia da República apurar a verdade, toda a verdade, como tenho dito, doa a quem doer", declarou o líder do executivo.
António Costa referiu que "não conhecia" esse email "e, se tivesse conhecido, teria obrigado o ministro [das Infraestruturas, Pedro Nuno Santos] a demiti-lo, na hora".
"É gravíssimo do ponto de vista da relação institucional com o Presidente da República e inadmissível no relacionamento que o Governo deve manter com as empresas públicas", acentuou.
Na terça-feira, na comissão parlamentar de inquérito sobre a TAP, o deputado da Iniciativa Liberal Bernardo Blanco confrontou Christine Ourmières-Widener com uma troca de emails com o então secretário de Estado das Infraestruturas, Hugo Mendes, sobre uma eventual mudança de data de um voo que tinha como passageiro o chefe de Estado, Marcelo Rebelo de Sousa.
Nesse email que dirigiu à presidente executiva da TAP, o ex-secretário de Estado das Infraestruturas Hugo Mendes argumentava que era importante manter o apoio político de Marcelo Rebelo de Sousa, considerando que era o "principal aliado" do Governo mas que poderia tornar-se o "pior pesadelo".
Neste ponto, ainda em resposta à agência Lusa, o primeiro-ministro sustentou que a atuação de Hugo Mendes não corresponde "de forma alguma" ao padrão de relacionamento do seu executivo com as empresas públicas.
"Não confundo a natureza pública com gestão política. O acionista define orientações estratégicas e avalia a gestão na apreciação das contas. Não pode interferir na gestão corrente da empresa", acrescentou.
Questionado sobre o seu relacionamento institucional com a administração cessante da TAP, o líder do executivo disse que só se reuniu uma vez com a presidente da comissão executiva, Christine Ourmières-Widener, para esta lhe apresentar o plano de reestruturação da transportadora aérea nacional.
"E com as outras empresas aprecio o relacionamento estratégico que os ministros mantêm com o Metro, a Caixa Geral de Depósitos ou as Águas de Portugal, por exemplo", completou.
Recorde-se ainda que a companhia tem em curso um processo de privatização, que decorre ao mesmo tempo que se desvendam polémicas na TAP. Foi inclusivamente contratada para agilizar o contacto com os investidores uma boutique financeira anglo-saxónica, a Evercore - que trabalha sem contrato há 9 meses.
A revelação foi feita por Christine Ourmiéres-Widener no Parlamento. A CEO da TAP admitiu ainda que se esperava que o processo arrancasse mais cedo.
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