"Enredo de mentiras, abuso de poder e tentativa de enlamear o Presidente da República", são as palavras de André Ventura sobre a mais recente polémica que envolve o ex-secretário de Estado Hugo Mendes.
Assim, e tendo em conta que o Chega já utilizou o seu direito à aplicação de moção de censura, o líder do partido insta o PSD a que apresente uma.
"Apelo a Luís Montenegro que apresente com urgência uma moção de censura ao Governo de António Costa. Se o PSD não o fizer, o Chega fá-lo-á nos primeiros dias de setembro", garante André Ventura.
Recorde-se que a Iniciativa Liberal também já não o pode fazer uma vez que este direito se cinge a uma moção por sessão legislativa.
"Estamos no grau zero da política, da confiança das instituições e da estabilidade. Em condições normais este Governo já tinha sido detido por Marcelo", afirmou hoje aos jornalistas André Ventura.
Para o líder do Chega, a "corrupção não terminará enquanto este Governo se manter em funções", admitindo que é verdade que as condições atuais são bastante diferentes das que se verificavam nas outras dissoluções de Governo.
"Este nível de promiscuidade corrupção e degradação deve levar à demissão do Governo", disse ainda.
Recorde-se que na terça-feira, na comissão parlamentar de inquérito sobre a TAP, o deputado da Iniciativa Liberal Bernardo Blanco confrontou Christine Ourmières-Widener com uma troca de emails com o então secretário de Estado das Infraestruturas, Hugo Mendes, sobre uma eventual mudança de data de um voo que tinha como passageiro o chefe de Estado, Marcelo Rebelo de Sousa.
Nesse email que dirigiu à presidente executiva da TAP, o ex-secretário de Estado das Infraestruturas Hugo Mendes argumentava que era importante manter o apoio político de Marcelo Rebelo de Sousa, considerando que era o "principal aliado" do Governo mas que poderia tornar-se o "pior pesadelo".
Neste ponto, ainda em resposta à agência Lusa, o primeiro-ministro sustentou que a atuação de Hugo Mendes não corresponde "de forma alguma" ao padrão de relacionamento do seu executivo com as empresas públicas.
"Não confundo a natureza pública com gestão política. O acionista define orientações estratégicas e avalia a gestão na apreciação das contas. Não pode interferir na gestão corrente da empresa", acrescentou.
Questionado sobre o seu relacionamento institucional com a administração cessante da TAP, o líder do executivo disse que só se reuniu uma vez com a presidente da comissão executiva, Christine Ourmières-Widener, para esta lhe apresentar o plano de reestruturação da transportadora aérea nacional.
"E com as outras empresas aprecio o relacionamento estratégico que os ministros mantêm com o Metro, a Caixa Geral de Depósitos ou as Águas de Portugal, por exemplo", completou.
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