Joacine Katar Moreira, ex-deputada não inscrita à Assembleia da República, juntou-se, esta terça-feira, ao coro de contestação contra ao pedido inusitado do líder espiritual do Tibete, Dalai Lama, a uma criança, apontando que o chefe de Estado “precisa, no mínimo, de ajuda espiritual” e de ser investigado.
“Dalai Lama precisa, no mínimo, de ajuda espiritual. Precisa também que o Nobel da paz lhe seja retirado e de ser investigado”, começou por escrever antiga deputada, na rede social Twitter.
E prosseguiu: “A um líder da sua envergadura, não se fazer nada, nem sequer a nível do simbólico, é normalizar a violência e abuso sobre as crianças de todo o mundo”, atirou.
Katar Moreira incluiu ainda um artigo datado de 2018, do jornal Latin Amerian Post, no qual Dalai Lama admitiu, calmamente, ter conhecimento dos casos de abusos sexuais de menores por parte de monges budistas desde a década de 90.
Em causa estão as imagens do líder espiritual que, ao ser interpelado por uma criança que lhe pede um abraço, gesticula para a bochecha. Depois, beija-o na boca, e diz-lhe que pode “chupar-lhe a língua”, colocando-a de fora, testa com testa com a criança. O menino replica o gesto, antes de se afastar, ao mesmo tempo que o monge, de 87 anos, o puxa para outro abraço, entre risos.
O incidente terá ocorrido no final de fevereiro, no templo de Sua Santidade, em Dharamshala, na Índia, perante uma audiência de cerca de 100 estudantes que teriam terminado os estudos na M3M Foundation, relata o The Guardian.
Perante esta interação, classificada pelos internautas como “perturbadora”, “inapropriada” e “nojenta”, o gabinete do líder espiritual assegurou, em comunicado, que o seu comportamento foi “inocente e brincalhão”, pedindo desculpa ao menino e à sua família “pela dor que as suas palavras possam ter causado”.
“Sua santidade costuma provocar as pessoas que conhece de maneira inocente e divertida, mesmo em público e diante das câmaras. Ele lamenta o incidente”, lê-se, em nota emitida nas redes sociais.
De notar que mostrar a língua é uma saudação tradicional na cultura do Tibete, encarada como sinal de respeito.
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