Em comunicado, a IL anunciou a entrega de um projeto de resolução que recomenda ao Governo que reverta a realização de provas de aferição digitais para alunos do segundo ano de escolaridade, com idades entre os sete e os oito anos.
"O partido considera que não estão reunidas as condições necessárias para submeter crianças do 2.º ano de escolaridade a provas digitais", reclama a Iniciativa Liberal, no comunicado.
Exigindo ao Governo que reverta a decisão, a IL argumenta que nunca se procedeu "a uma análise e estudo aprofundado sobre as capacidades de crianças com esta idade, realizarem provas escritas em computadores".
Segundo o partido, para que as provas sejam de caráter universal, "importa garantir justamente que há capacidades de as aplicar a nível universal".
No entanto, a IL "considera que o projeto-piloto realizado no ano letivo 2021/2022 não foi suficiente para indicar, detetar e acautelar todos os constrangimentos relacionados com a realização das provas de aferição digital das crianças no 2.º ano de escolaridade", refere.
Além disso, acrescenta, "não foi realizado um trabalho preparatório prévio, que é extremamente necessário para que as crianças consigam, com segurança e preparação, realizar as provas em computador".
Uma outra razão apontada pelo partido refere as "dificuldades e falta de condições técnicas que muitas escolas apresentam e que provocam alguns receios para que as provas digitais sejam concretizadas com sucesso".
A IL manifesta ainda preocupação com "a diferença de metodologias pedagógicas nas várias escolas do país", já que, embora muitas usem materiais digitais de apoio à aprendizagem, muitas outras restringem-se ao ensino tradicional, "em que o contacto dos alunos com equipamentos digitais é ainda bastante reduzido".
Por fim, sublinha o partido, "nem todas as crianças têm equipamentos digitais em casa para poderem treinar a escrita em equipamento digital, o que, para além de se tornar um fator de ansiedade totalmente desnecessário, comprova que o acompanhamento fora do meio escolar é muito desigual o que significa que a avaliação externa por esta via irá agravar a reprodução das desigualdades sociais".
As provas de aferição digitais arrancaram hoje apesar de várias críticas de professores e diretores de agrupamentos escolares.
Este ano, mais de 250 mil alunos do 2.º, 5.º e 8.º anos de escolaridade vão realizar as provas em formato digital, o que significa instalar a aplicação para a realização das provas em 250 mil equipamentos.
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