Este voto foi apresentado pelo presidente da Assembleia da República, Augusto Santos Silva, e nele defende-se que Eduardo Lourenço "contribuiu de forma indelével, através da sua obra escrita e da sua palavra, para compreender melhor Portugal, a sua identidade e destino.
Eduardo Lourenço, que morreu em 01 de dezembro de 2020, aos 97 anos, e foi, a partir de 2016, membro do Conselho de Estado, designado pelo Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, foi distinguido com quatro doutoramentos Honoris Causa, com diversos prémios internacionais e nacionais - com destaque para os prémios Camões e Pessoa, bem como com condecorações do Estado português, francês e espanhol.
"Os seus quase cem anos de vida começaram em São Pedro do Rio Seco, na Guarda. Formou-se em Ciências Histórico-Filosóficas em 1946, na Universidade de Coimbra, onde foi assistente", refere-se no voto do presidente da Assembleia da República.
Também no plano académico, Augusto Santos Silva destaca que Eduardo Lourenço, a partir de 1954, lecionou em várias universidades estrangeiras, "primeiro, em Hamburgo, depois, em Heidelberg, Montpellier, São Salvador da Baía, Grenoble e Nice, onde se aposentaria em 1988, continuando a viver em França, até regressar definitivamente a Portugal em 2013".
"Prestando uma cuidada atenção à vida cultural e política do seu país, nunca se furtou, desde a sua primeira obra - Heterodoxia I, de 1949 -, a pensar as grandes questões do Portugal contemporâneo, deixando-nos, em dezenas de outros livros e ensaios, artigos, prefácios, críticas e recensões, pistas fundamentais para a sua compreensão", defende-se neste voto.
Para o presidente da Assembleia da República, "Portugal só pode estar reconhecido pela sua prolífica atividade e o legado que deixa Eduardo Lourenço, "cobrindo uma ampla variedade de temas, da filosofia à política, passando pela religião, a cultura, a literatura ou a música".
"Em toda a sua obra, a marca da sua curiosidade intelectual: A recusa de qualquer dogmática, questionando certezas, propondo novas maneiras de ver velhas coisas", salienta-se no texto de Augusto Santos Silva.
No voto, considera-se ainda que Eduardo Lourenço "era possuidor de um saber imenso, que partilhou com generosidade com os seus contemporâneos", e sustenta-se que "a sua voz perdurará como referência intelectual, cultural, ética e cívica".
Após a votação, os deputados levantaram-se e aplaudiram a aprovação unânime da iniciativa proposta pelo presidente da Assembleia da República.
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