O ex-ministro das Finanças Fernando Teixeira dos Santos considerou, na quinta-feira, que as taxas de juro podem estagnar na altura do verão, colocando assim um ‘travão’ às alterações que se têm verificado nos últimos meses.
“É sempre difícil prever o que é que o BCE [Banco Central Europeu] irá fazer, mas os indicadores mais recentes, de facto, apontam no sentido de que isso poderá vir a ser possível”, referiu o ex-governante em declarações à CNN Portugal.
Confrontado com as declarações da presidente do BCE, Christine Lagarde, que horas antes tinha dito que a instituição deve aumentar ainda mais as taxas de juros porque a inflação está muito alta, Teixeira dos Santos reconheceu que isso deverá acontecer na próxima reunião, marcada para o próximo dia 15, mas que se tratará de um “acréscimo não muito significativo”, na ordem dos 0,25%.
"Se se constatar que esta chamada inflação subjacente está em baixa, é muito provável que o BCE ponha fim a este ciclo de subida das taxas de juro", rematou.
E porquê?
“Aquilo a que o BCE presta grande atenção é aquilo a que chamam inflação subjacente”, justificou, explicando que aqui não é tido em conta o preço dos bens alimentares energéticos. “Esta inflação subjacente começa já a baixar em vários países europeus e também a baixar na área euro no seu conjunto”, garantiu, explicando que a instituição vai precisar de ter “segurança razoável de que esta inflação está a baixar para parar este ciclo da subida de taxas de juro”.
O comentador recordou que o panorama dos últimos tempos era diferente do que aquele que se verificava há meses, exemplificando com os dados mais recentes do Instituto Nacional de Estatística que apontou uma taxa de inflação para 4,0% em maio. Contrastando com novembro do ano passado, quando estava acima dos 10,0%, Teixeira dos Santos constatou que “em meia dúzia de meses a inflação se situa agora em menos de metade desses valores”.
E a descida desta taxa não disse apenas respeito a Portugal em particular, mas também na Zona Euro. “Desceu de forma muito significativa na Área Euro no seu conjunto”, apontou, recordando que de abril para maio esta taxa passou de 7% para 6,1%. “Descida foi sentida em países de dimensão significativa” nesta zona, disse o ex-responsável pela tutela das Finanças entre 2005 e 2011, notando países como a Alemanha, Espanha ou França.
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