O líder do grupo parlamentar do PS, Eurico Brilhantes Dias, foi mais uma das figuras políticas a pronunciar-se sobre os polémicos cartazes empunhados por professores, no sábado, num protesto durante as celebrações do Dia de Portugal, de Camões das Comunidades Portuguesas, no Peso da Régua, e que visavam o primeiro-ministro, António Costa.
O socialista, que considerou que "os cartazes insultuosos" tiveram "o efeito contrário ao pretendido", sublinhou as diferenças entre o direito de "contestação e luta" e a "ofensa gratuita e o incentivo ao ódio e à violência, tão usados pela extrema-direita parlamentar".
"Os cartazes insultuosos empunhados por alguns professores no dia 10 de junho no Peso da Régua, tiveram o efeito contrário ao pretendido por quem julgou estar a afirmar de forma legítima o direito constitucional à manifestação. Uma coisa é a prerrogativa de contestação e luta de que todos gozamos em Democracia, e que no PS ninguém confunde com a ofensa gratuita e o incentivo ao ódio e à violência, tão usados pela extrema-direita parlamentar", começou por escrever Eurico Brilhantes Dias numa publicação divulgada na rede social Facebook, esta segunda-feira.
O socialista entendeu ainda que "o clamor de repúdio" gerado pela situação "obrigou os sindicatos, teoricamente mais tradicionais" a demarcarem-se desta ação, acabando apenas por ficarem "acantonados a desculpabilizar os cartazes "a direita refém da extrema e o líder da extrema-direita".
A opinião pública, que é sábia, distingue bem o certo do errado, o aceitável do intolerável, e por isso gerou-se um clamor de repúdio que obrigou os sindicatos, teoricamente mais tradicionais, a demarcarem-se desta ação de uma minoria, sob pena de, se o não tivessem feito, serem colocados todos no mesmo saco. No final do dia, ficaram apenas acantonados a desculpabilizar os cartazes a direita refém da extrema e o líder da extrema-direita a defender o mais radical dos sindicatos", escreveu.
Ainda assim, Brilhante Dias defende que é importante "não confundir as árvores com a floresta".
"Aqui chegados, importa não confundir as árvores com a floresta, e reconhecer que nem todos os professores - cuja luta é legítima em Democracia - se reveem nesta forma de intervenção pública. Mas, mais ainda, importa não esquecer o muito que já foi feito e aprovado pelo Governo do Partido Socialista e pelo Ministério da Educação em matéria de dignificação da carreira docente", afirmou, enumerando algumas medidas tomadas pelo Governo PS e garantido que o Executivo "não deixará de dialogar e de estar empenhado na dignificação das carreiras, não apenas dos professores, mas de todos os funcionários e servidores públicos".
Sublinhe-se que os cartazes em questão continham uma caricatura do primeiro-ministro com nariz de porco e um lápis espetado em cada olho.
Ao chegar ao local das cerimónias oficiais militares do Dia de Portugal, a mulher do primeiro-ministro, Fernanda Tadeu, exaltou-se com alguns dos comentários dos professores em protesto.
Inicialmente, António Costa pediu à mulher para não responder aos comentários, mas depois virou-se para trás e gritou "racista", visivelmente exaltado.
Mais tarde, em declarações aos populares que o esperavam, o primeiro-ministro considerou que os protestos fazem "parte da liberdade e da democracia".
"Com melhor gosto, com pior gosto, com estes cartazes um pouco racistas, mas pronto, é a vida", frisou.
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