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Cartazes contra Costa? Remetem para um "ódio vesgo e destrambelhado"

Os cartazes em questão mostram o primeiro-ministro António Costa com nariz de porco, lábios pronunciados e lápis espetados nos olhos e foram empunhados durante as celebrações do Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas.

Cartazes contra Costa? Remetem para um "ódio vesgo e destrambelhado"
Notícias ao Minuto

23:55 - 13/06/23 por Daniela Carrilho

Política Primeiro-ministro

O comentador Sérgio Sousa Pinto é mais um rosto a juntar-se à indignação causada pelos cartazes empunhados contra António Costa, numa manifestação de professores durante as celebrações do Dia de Portugal, de Camões das Comunidades Portuguesas, os quais foram classificadas pelo primeiro-ministro como racistas. O deputado do Partido Socialista (PS) considerou que os cartazes são inaceitáveis e transportam uma "enorme carga de violência".

"A caricatura faz parte da liberdade de expressão artística mas nós, na vida, temos de aceitar que tudo tem limites. Limites ditados pelo bom senso, pela educação, pelo bom gosto, e a caricatura também está submetida a esses limites. Em Portugal, estamos aqui com toda a liberdade a debater aqueles cartazes indecorosos e o facto de um bando ter empunhado aquilo e ter andado a provocar o primeiro-ministro com aqueles cartazes não acarretou quaisquer consequências jurídico-penais", começou por dizer o comentador na CNN Portugal.

Considerando que estamos "num país livre e vivemos um ambiente de liberdade", o deputado socialista ressalvou que "não somos obrigados a achar que aquilo foi uma coisa digna de ser aceitável".

Na sequência das afirmações do Presidente da República - que afirmou que a situação "não ofende quem quer, só ofende quem pode" - Sousa Pinto salientou que Marcelo Rebelo de Sousa não tem "grande capacidade de empatia", uma vez que "não se consegue por na posição do primeiro-ministro".

O comentador acusou que quem empunhou aqueles cartazes são "um bando de energúmenos", não se dirigindo, contudo, à classe dos professores.

"Aquelas imagens ferem as pessoas, ferem a sua sensibilidade", referiu ainda, acrescentando que "o pior dos cartazes é enorme carga de violência que eles transportam consigo".

"Os lápis enfiados nos olhos, aquilo parece remeter para uma ideia de tortura, um ódio vesgo e destrambelhado. O combate político já transbordou e o espaço público parece estar a inclinar-se na direção de uma sarjeta moral, onde tudo é possível. Aquilo não é admissível, não é aceitável, excede tudo. A fasquia da decência está em queda livre", acusou Sérgio Sousa Pinto.

O deputado socialista considerou, por fim, que "se António Costa sente os cartazes como racistas, devem ser considerados racistas".

Por sua vez, a comentadora Helena Matos declarou que "o género humano do PS é bastante hipócrita" no que diz respeito a esta matéria.

"O PS está para as caricaturas como o problema do Maomé. Pode-se fazer todas as caricaturas com o Papa, com a religião católica, agora quando se representa Maomé estamos a ofender as crenças", declarou, alegando que "Portugal tem dois pesos e duas medidas nesta matéria".

"Quando toca à esquerda, e muito particularmente ao PS, acabamos a discutir porque há sempre uma razão para que não se possa discutir. Os cartazes não são bonitos, mas a maior parte dos cartazes que levam para as manifestações não têm ponta por onde se lhe pegue. O problema é que quando é com a direita, a direita tem de comer e calar e quando é com o PS acabamos aqui num grande problema nacional", acusou Helena Matos, alegando ainda que "António Costa achou que podia tirar vantagem da situação".

Recorde-se que as comemorações do Dia de Portugal, de Camões das Comunidades Portuguesas terminaram no sábado no Peso da Régua com a tradicional cerimónia militar do 10 de Junho, depois de terem passado pela África do Sul.

Após ter terminado a cerimónia militar, António Costa percorreu a pé o trajeto desde a avenida do Douro até ao local escolhido para o almoço, tendo sido sempre seguido por muitos docentes que gritavam palavras de ordem.

À chegada ao local do restaurante, a mulher do primeiro-ministro, Fernanda Tadeu, exaltou-se com alguns dos comentários dos professores em protesto. Inicialmente, António Costa pediu à mulher para não responder, mas, depois, virou-se para trás e gritou "racista", visivelmente exaltado.

"Eu sinto-me muito bem no Douro e em todo o país", apontou, voltando a insistir que o barulho de fundo que o acompanhou "é um direito de manifestação".

"Com melhor gosto, com pior gosto, com estes cartazes um pouco racistas, mas pronto, é a vida", frisou.

Entretanto, a Federação Nacional dos Professores (Fenprof) e o Sindicato de Todos os Profissionais da Educação (S.TO.P) já se demarcaram-se de insultos e atos de populismo, na sequência destas caricaturas, que retratavam o primeiro-ministro com nariz de porco, lábios pronunciados e lápis espetados nos olhos.

Leia Também: Cartazes? "Opinião pública, que é sábia, distingue bem o certo do errado"

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