No final de uma visita o hospital Garcia de Orta, em Almada (Setúbal), no arranque de quatro dias de iniciativas dedicados ao setor, Luís Montenegro foi questionado sobre o desafio lançado pelo Chega ao PSD e à IL para assumirem um compromisso de "salvação da saúde" em Portugal.
"Estamos interessados em fazer um pacto para resolver os problemas da saúde com os portugueses, com todos aqueles que têm tem responsabilidade, sejam os utentes, sejam as autarquias locais, os gestores do sistema, os promotores das ofertas do setor privado, do setor social e, naturalmente, também com todos os partidos político", respondeu.
"Não somos de andar com fogachos para fazer desafios", acrescentou, dizendo preferir levar a cabo um "projeto de transformação" do setor de forma "responsável, serena e consistente".
O presidente do PSD reiterou a necessidade de incorporar no discurso político a complementaridade entre setores público, privado e social, defendendo que tal já se verifica na prática.
"Há um equívoco na política portuguesa: temos um Governo, um primeiro-ministro, um PS, que está permanentemente a insistir nessa vertigem estatizante da saúde, mas no dia-a-dia é confrontado com a realidade e, não tendo capacidade de resposta, vai a correr para os braços do setor social e privado", apontou.
Dando o exemplo do hospital que visitou, Montenegro afirmou que "várias das recuperações de listas de espera, cuidados continuados e paliativos" estão hoje a ser contratualizados com entidades sociais e privadas.
"O que nós queremos é que isto não seja um jogo escondido, o que nós queremos é isto que já está preconcebido em termos sistémicos", disse, avisando que "hoje o SNS já nem vive sem o setor social e privado", defendendo que tal seja dito com as "letras todas, num jogo aberto" de diálogo do Estado.
Depois de, hoje de manhã, ter apresentado um documento intitulado Agenda Mobilizadora 2030/2040 para a saúde, Montenegro reiterou que, pelo menos com a participação do PSD, ninguém irá "vender a ilusão" de que é possível resolver os problemas do setor de um dia para o outro, embora assegurando que o partido também tem "soluções para o amanhã".
"Mas não queremos andar aqui com remendos, a política de remendos dá cabo do SNS, é preciso uma política estratégica, consistente e que demora anos a implementar. Não vimos aqui enganar ninguém com soluções de remedeio", avisou.
Montenegro prossegue na terça-feira a sua agenda dedicada à saúde, em Faro e na Trofa, culminando na quinta-feira com um agendamento parlamentar do PSD sobre saúde, em que o partido levará a voto cinco recomendações ao Governo com propostas mais imediatas, como o reforço do SNS, a generalização dos médicos de família, o acesso a medicamentos e cuidados continuados e paliativos e a redução das listas de espera para cirurgias, consultas e exames.
Leia Também: BE propõe suplemento de 40% para médicos estarem em exclusividade no SNS