No final de uma reunião com as ordens profissionais do setor da saúde, Luís Montenegro foi questionado sobre uma notícia do Jornal de Notícias, segundo a qual que o Governo português está a preparar a contratação de 300 médicos cubanos para o Serviço Nacional de Saúde, tendo já pedido parecer sobre o processo de reconhecimento de qualificações ao Conselho de Escolas Médicas Portuguesas (CEMP) e à Ordem dos Médicos.
O presidente do PSD começou por salientar que a sua direção tem defendido que o país precisa de "atrair, acolher e integrar mão-de-obra mais ou menos qualificada nos vários setores de atividades", pelo que, de forma genérica, compreenderia essa opção do Governo.
"Se, em concreto, nos questionar a propósito das condições subjacentes à contratação desses 300 profissionais, não achamos - do que foi conhecido do contexto do acordo celebrado - que dignifique suficientemente essas pessoas, e tememos que o resultado possa não ser o esperado: ficarem muitos anos no SNS em Portugal", salvaguardou.
Montenegro disse que este assunto não foi tratado na reunião -- depois de o bastonário da Ordem dos Médicos já se ter manifestado publicamente apreensivo com estas contratações -- e reafirmou a posição de princípio do PSD sobre a matéria.
"O que nós defendemos é que o país tem de abrir as suas portas para acolher as pessoas que são necessárias para preencher lacunas de recursos humanos que temos nos variados setores de atividade e também no setor da saúde. Mas isso deve ser feito com dignidade, de forma regulada e assegurando a estes profissionais que têm boas condições de acolhimento e de integração", afirmou.
"As condições subjacentes a esta contratação não nos parecem garantir isto", reiterou.
Após a reunião, que se estendeu por cerca de duas horas com as Ordens profissionais dos médicos, médicos-dentistas, enfermeiros, farmacêuticos, nutricionistas e fisioterapeutas, Luís Montenegro quis deixar uma mensagem aos profissionais do setor.
"É uma oportunidade de vos poder transmitir o apreço no PSD por todos os profissionais de saúde, cujo empenho e dedicação estão na base de muitas das respostas que o SNS oferece aos portugueses, apesar do contexto de grande dificuldade e exiguidade de meios", elogiou.
Na reunião, afirmou que lhe foi transmitido "um sentimento de frustração" pelos muitos profissionais do setor que estão a sair de Portugal.
"Se não tivermos capacidade, nos próximos anos, de reter e atrair profissionais de saúde, se não conseguirmos motivar estes profissionais, não vamos conseguir garantir o que a Constituição determina para a generalidade dos cidadãos", avisou.
Esta reunião, que decorreu na sede nacional do PSD em Lisboa, encerra o terceiro de quatro dias de iniciativas do PSD dedicadas à saúde, que culminam com um debate na quinta-feira no parlamento.
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