Buscas no PSD? "Podem ter sido algo excessivas", afirma Rui Rocha
O presidente da Iniciativa Liberal recusou hoje acompanhar um discurso de "excesso de sinal contrário" de ataque à justiça, dizendo que parece estar a "formar-se uma intenção", até de pessoas da área do PS, de desvalorizar investigações em curso.
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Política IL
No fim de uma reunião com o Presidente da República, que termina hoje uma ronda de audiências aos partidos com assento parlamentar, Rui Rocha foi questionado sobre as declarações do presidente da Assembleia da República, Augusto Santos Silva, que defendeu que o Ministério Público deve um esclarecimento ao país sobre as buscas à casa de Rui Rio e a sedes do PSD, prometendo levar o tema à reunião de quarta-feira da conferência de líderes.
"A IL entende que as buscas, nomeadamente as que foram feitas a Rui Rio, podem ter sido algo excessivas, mas não embarcamos no discurso de excesso de sinal contrário atacando a justiça e pondo a justiça em causa", afirmou Rui Rocha, recusando quer o populismo de ataque aos partidos, quer o de ataque à justiça.
O presidente da IL apelou a que seja averiguado se foram cometidos excessos neste caso, mas pedindo que não se ponha em causa toda a sustentabilidade da justiça.
"Preocupa-me que, depois da reação de Rui Rio, já temos um conjunto de pessoas da área do PS -- já vimos José Sócrates a pronunciar-se, já vimos o presidente da Assembleia a pronunciar-se -- e parece que se está a formar uma intenção de aproveitar este momento para pôr a justiça em causa", disse.
Para o presidente da IL, a intenção parece ser a de desvalorizar "todos os assuntos que têm a ver com a gestão do PS, e que são muito duvidoso" dizendo que "a justiça não é credível", apontando como exemplo as suspeitas de corrupção que levaram o ex-secretário de Estado da Defesa Marco Capitão Ferreira a ser constituído arguido.
"Parece que os casos já não são importantes, o que é importante é atacar a justiça. Para esse discurso, nós não damos", afirmou.
No final de uma reunião de mais uma hora com Marcelo Rebelo de Sousa, o presidente da IL fez um diagnóstico muito negativo do país, que disse ter evoluído de "estagnação para degradação" desde as audiências de há um ano.
"Foi uma reunião longa, de pessoas que estão preocupadas com a situação do país, essa é a linha de fundo que está subjacente", disse, escusando-se a avançar detalhes sobre quais os pontos em que as preocupações do partido coincidiram com as do chefe de Estado.
Para Rui Rocha, o país vive hoje uma situação de degradação em três setores: poder de compra, instituições e serviços públicos.
"Manifestei ao Presidente da República a preocupação com esta estado das coisas e a nossa avaliação de que este Governo não tem condições para reverter a degradação nestas áreas, não tem ambições políticas que transformem o país", disse.
Rui Rocha confirmou que o tema da comissão de inquérito à TAP foi abordado na reunião com o Presidente da República, sem dizer em que termos, considerando que, depois da divergência entre "o relatório do PS e o que foi vivido" nas reuniões, é importante olhar para o futuro da empresa.
"Já estamos a ouvir notícias sobre o adiamento da privatização: para quando, em que condições, quem são os parceiros?", questionou, dizendo ter percebido preocupações do chefe de Estado com estes temas.
Ao Presidente da República, Rui Rocha disse ter transmitido o compromisso da IL com soluções alternativas, apontando como exemplos as propostas de lei de bases da saúde ou na fiscalidade e no sistema eleitoral, em que o partido defende a criação de um círculo de compensação.
"Uma alternativa corajosa, credível e de confiança", afirmou.
A delegação da IL em Belém incluiu, além de Rui Rocha, o líder parlamentar Rodrigo Saraiva e os vice-presidentes Angélique da Teresa e Bernardo Blanco.
O Presidente da República ouve, entre sexta-feira e hoje, a ouvir os partidos com assento parlamentar sobre a situação económica, social e política do país e o balanço que fazem da sessão legislativa, antes de reunir o Conselho de Estado.
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