Esta foi a posição política central defendida por José Luís Carneiro no discurso de encerramento do debate parlamentar sobre o estado da nação, durante o qual elogiou a liderança "determinada e respeitada nos planos nacional e internacional" do primeiro-ministro, António Costa.
De acordo com o ministro da Administração Interna, "uma clara maioria dos portugueses continua a preferir a estabilidade ao aventureirismo, o reformismo ao imobilismo, a ponderação à demagogia e ao extremismo", o que "mostra bem a sagacidade do povo português".
"Tendo vivido momentos muito difíceis, sabe em quem podem confiar", concluiu o ex-secretário-geral adjunto do PS.
José Luís Carneiro retomou o tema da estabilidade política na parte final da sua intervenção, período em que atacou setores que não respeitam o voto popular e tentam "desesperadamente" interromper a legislatura, contrapondo que "há boas razões para confiar no futuro".
"A estabilidade desta maioria política já mostrou que, mesmo face à imprevisibilidade provocada pela guerra, tem capacidade para proteger as empresas e as famílias, para continuar o esforço de crescimento da economia e de valorização dos salários, para modernizar a sociedade e os serviços públicos, para qualificar a vida democrática e fazer de Portugal um exemplo da nova economia e das sociedades abertas e democráticas", disse.
Numa alusão aos desafios que se colocam ao país, o ministro da Administração Interna assinalou que a recuperação da confiança, "depois da imposição de uma austeridade descontrolada, foi um caminho lento e difícil".
Um caminho seguido desde novembro de 2015 "para recuperar salários e rendimentos, para garantir e reerguer serviços públicos, para ganhar a confiança no sistema financeiro e para reforçar a confiança na democracia".
Perante os deputados, José Luís Carneiro advogou que muitos dos portugueses que emigraram, "infelizmente até incentivados a fazê-lo, voltaram a confiar e têm vindo a regressar." E, por outro lado, pelos seus dados, a imigração contribuiu para um saldo líquido de 1500 milhões de euros para a Segurança Social.
Registou-se mesmo, na sua perspetiva, um aumento de novos residentes em território nacional provenientes de países "considerados mais avançados".
"Do Reino Unido eram, em 2022, mais de 45 mil; da Alemanha, mais de 20 mil; da Itália, mais de 34 mil; franceses, mais de 27 mil; mais de dez mil americanos e mais de 1500 canadianos. Todos fonte de riqueza, diversidade e de abertura de Portugal ao mundo. Tem a ver com a nossa qualidade de vida e com o facto de continuarmos a estar entre os cinco países mais pacíficos da Europa e os sete mais pacíficos do mundo", defendeu.
O ministro da Administração Interna realçou a seguir o "acolhimento aos mais de 56 mil cidadãos provenientes da Ucrânia e, entre eles, mais de 14 mil menores".
"A confiança no nosso país tem permitido que, entre 2015 e 2022, o crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) tenha sido dez vezes superior ao dos 15 anos anteriores e que as exportações tenham alcançado mais de 50% do PIB. Hoje, com 33% de bens e com 18% de serviços. Afinal, aquele paradigma que levou a tantas teses e a tantos discursos sobre os bens transacionáveis tem agora concretização com o Governo do primeiro-ministro António Costa. Ironia das ironias", comentou.
No seu discurso, José Luís Carneiro atribuiu ainda ao Governo " legado de sustentabilidade" com a redução do défice e da dívida, o combate às desigualdades, o crescimento dos salários -- "desde 2015 o salário mínimo nacional teve um aumento de 50%, o salário médio aumentou 26% e o dos jovens 44%" -- e a aposta na escola como "fator de igualdade, autonomia, cidadania e desenvolvimento".
"Só este ano vamos vincular quase o dobro dos professores do que o Governo do PSD durante toda uma legislatura", advogou, recebendo palmas da bancada socialista, antes de referir ao reforço do investimento em áreas de soberania nacional.
"Num contexto de guerra na Europa, assumimos na plenitude as nossas responsabilidades na defesa da paz, da segurança e dos direitos humanos. Assumimos novas leis de Programação Militar e de Investimentos nas Infraestruturas e Equipamentos das Forças e Serviços de Segurança. São mais de seis mil milhões de euros nos próximos anos", acrescentou.
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