Depois de uma nova ronda de negociações entre os sindicatos da saúde e o Governo terminar sem acordo, a ex-coordenadora e deputada do Bloco de Esquerda, Catarina Martins, alertou, na quinta-feira, para as condições oferecidas aos profissionais de saúde no setor público, falando de uma "destruição do Serviço Nacional de Saúde (SNS) a cada dia".
A antiga líder do partido, que deixou o cargo em maio deste ano, considerou, através do X (antigo Twitter), que as recentes notícias sobre falta de poder de compra dos profissionais de saúde e sobre encerramento de Unidades de Saúde Familiar (USF) são "sinais de alerta" e de "perigo".
"Este ano e pela primeira vez, assume-se o encerramento de unidades de saúde por falta de profissionais. Até agora, em Portugal só tínhamos debatido encerramentos com o argumento de falta de utentes. Agora, atente. O mesmo governo que assume que encerra unidades de saúde por falta de profissionais, e sabendo que a perda de poder de compra dos médicos em Portugal não tem paralelo com o resto da Europa, impõe impasse permanente nas negociações há mais de um ano", afirmou a deputada bloquista, perante o arrastar de negociações entre Ministério da Saúde e sindicato que já duram há 15 meses, com várias greves e contestação pelo meio.
Este ano e pela primeira vez, assume-se o encerramento de unidades de saúde por falta de profissionais. Até agora, em Portugal só tínhamos debatido encerramentos com o argumento de falta de utentes.
— Catarina Martins (@catarina_mart) August 10, 2023
Para Catarina Martins, a demora nas negociações traduz-se numa falta de compromisso do executivo, e apontou que "a cada impasse, a cada desrespeito por quem faz centenas de horas extraordinárias por ano, há mais profissionais a passar para o privado ou a emigrar".
"O João Semedo repetia que a força do SNS residiu sempre na força dos seus profissionais e utentes. Utentes somos todos. Defender o SNS é a nossa tarefa coletiva. E é urgente", rematou.
Na quinta-feira, a reunião entre o Governo e os sindicatos dos médicos terminou sem acordo sobre a revisão da grelha salarial, depois da tutela ter proposto um aumento de 1,6% para a generalidade das carreiras. Os grupos de trabalhadores queixam-se que o Ministério, liderado por Manuel Pizarro, não está a ir de encontro às necessidades dos médicos, especialmente no que diz respeito à valorização das carreiras e ao pagamento de horas extraordinárias.
Está prevista uma nova ronda de negociações no dia 11 de setembro. Até lá, o Sindicato Independente dos Médicos (SIM) adiantou que vai manter agendadas as greves durante os meses de agosto e setembro.
Leia Também: Sindicatos dos médicos e Governo sem acordo em quinta reunião negocial