O presidente do PSD, Luís Montenegro, elogiou, este sábado, as comunidades portuguesas espalhadas pelo mundo, defendendo que os emigrantes devem ter "a mesma qualidade de vida" do que "qualquer outro português", aumentando também a sua participação cívica e política.
O líder social-democrata discursava em Albufeira, no encontro de verão das Comunidades Portuguesas do PSD, que contou com representantes das comunidades de Canadá, África do Sul, França, Bélgica, Suíça, Reino Unido e Brasil.
Luís Montenegro começou por dizer que os emigrantes "são tão portugueses como aqueles que vivem em Portugal" e que o Estado tem "obrigação de cuidar" deles, "de ter serviços públicos próximos": "Temos obrigação de ter uma rede diplomática consular ao serviço dos nossos", notou, defendendo ainda que os portugueses espalhados pelo mundo devem ser ajudados a estabelecer-se, a ser acolhidos, a "manter laços" com a suas famílias, além do acesso à Saúde ou Educação.
"Custa-me quando os discursos à volta das comunidades se circunscrevem só a alguns aspetos mais específicos", criticou o social-democrata.
"As comunidades portuguesas têm de ser encaradas – e é assim que eu as vejo, e é assim que nós as vemos, aqueles que a compõem - como um conjunto de pessoas a quem nós queremos dar a mesma qualidade de vida que queremos dar a qualquer outro português, seja em que circunstância for, quando estão cá e quando estão lá. È essa a obrigação de um poder político", defendeu, acrescentando ainda que é necessária "a participação cívica, política, dos nossos emigrantes".
Luís Montenegro aproveitou ainda para deixar um 'recado' sobre os imigrantes: "Com a mesma exigência que nós queremos que o Estado português esteja perto, consiga contribuir para o acolhimento e para a integração dos nossos emigrantes quando eles saem de Portugal, é com essa mesma filosofia que nós devemos ter a tolerância, a inteligência e também a nossa autoexigência para acolher os imigrantes que procuram Portugal em busca também de uma oportunidade para viverem melhor", atirou.
O presidente do PSD voltou a defender ainda o alargamento do voto em correspondência e a testagem do voto eletrônico, numa altura em que "são cada vez menos as pessoas que participam politicamente"
"Vamos manter esta luta para que possamos valorizar esta interação entre a nossa comunidade e as decisões do nosso país", disse, deixando ainda críticas ao Partido Socialista.
Apesar de tudo, o social-democrata admitiu que o seu "sonho" é que aqueles que partiram possam um dia regressar.
"O meu sonho é que os portugueses que saíram daqui possam reencontrar no nosso território a qualidade de vida que almejam, que querem, que procuram", confessou, apontando ainda que Portugal está a falhar e que é necessário um sobressalto para conseguir manter no país os jovens qualificados que emigram todos os anos.
"Nós estamos a falhar, o país está a falhar. O país precisa mesmo de um sobressalto cívico, político, empresarial. Nós temos de conseguir absorver no nosso mercado de trabalho estes milhares e milhares de jovens que todos os anos saem das nossas universidades, dos nossos institutos politécnicos e colocá-los ao serviço do crescimento do país", apontou.
O líder do PSD recusou que a saída de jovens qualificados para outros países possa ser atribuída aos cortes impostos pela 'troika' enquanto Portugal esteve sob assistência financeira, pois esse tempo já acabou.
"E não venham com a conversa, só faltava mais essa, que isto é uma coisa da 'troika', é que a 'troika' já se foi embora vai fazer 10 anos, acabou essa conversa", referiu, sublinhando que isso "não é desculpa".
Citando um estudo que aponta para a saída de 200 mil jovens do país entre 2000 e 2019, o líder do PSD considerou que uma das maiores tragédias que Portugal teve e tem hoje é a emigração, sobretudo de jovens qualificados.
"O investimento que fizemos nas qualificações dos jovens que oferecemos de borla lá para fora andará na casa dos 20 mil milhões de euros", disse, baseado no estudo que apontava o investimento feito pelo Estado, durante aquele período, na qualificação desses jovens em 18 milhões de euros.
Lamentando que o país continue a investir muito do seu capital para depois "o dar de bandeja a outras geografias", Luís Montenegro questionou como é possível estas pessoas "com capacidade de alavancar" a criação de riqueza, a inovação e o crescimento da economia serem precisamente as que saem do país.
[Notícia atualizada às 17h21]
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