Rendas? Governo deve "fixar em 0,43% o limite máximo do aumento"
O secretário-geral do Partido Comunista Português (PCP), Paulo Raimundo, defendeu ainda que o Governo podia ter agido e não "perder tempo a escrever cartas" à União Europeia.
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Política PCP
O secretário-geral do Partido Comunista Português (PCP), Paulo Raimundo, está esta sexta-feira na abertura oficial da Festa do Avante, momento em que apelou (novamente) ao "o aumento geral e significativo dos salários e das pensões", a "medidas concretas para a habitação", "medidas para a reforma fiscal" e "fixação e redução dos preços".
"Esta é uma festa de confiança, para projetar o futuro que precisamos, num momento em que o país vive numa brutal contradição entre a propaganda e a vida dura dos trabalhadores e do nosso povo, da dureza, do esforço, da pressão sobre os salários e sobre as pensões, em confronto com lucros milionários e colossais dos grandes grupos económicos", começou por dizer Raimundo no arranque da Festa do Avante, que começa esta sexta-feira, na Quinta da Atalaia, no Seixal.
A par do aumento de salários e de pensões, o líder comunista destacou ainda outro problema de grande dimensão, "o drama da habitação", que "tem consequências na vida de milhares e milhares de pessoas" que se "privam de tudo o que conseguem para aguentar a sua casa".
No seu discurso, Raimundo apelou a "medidas urgentes com efeito prático na vida das pessoas" e, em função dos dados conhecidos recentemente, avançou que o Governo deve "fixar em 0,43% o limite máximo do aumento das rendas".
O comunista defendeu ainda que, em vez de "perder tempo a escrever cartas" à União Europeia, o Governo devia ter tomado já medidas para enfrentar esta crise.
O Governo, em vez de estar a perder tempo a escrever cartas para a União Europeia, - espero que não tenha mandado pelos CTT, porque como isto está nunca mais lá chega - podia ter feito uma coisa simples, que é, aquilo que tem no seu poder, nas suas mãos, decidir", afirmou o líder comunista.
O secretário-geral do PCP elencou que o Governo podia ter implementado "uma moratória para os créditos, como aconteceu durante o período da [pandemia de] covid", podia "obrigar a Caixa Geral de Depósitos, que é um banco público, a fixar como limite 0,25 de spread nos créditos" e também "podia ter resolvido já ontem a decisão de fixar como aumento máximo das rendas para o próximo ano 0,43%", propostas que o partido tem defendido.
"Isto não precisa de nenhuma autorização da União Europeia, nem de um consórcio europeu para resolver", salientou, considerando que são opções que o executivo "Governo podia ter feito, pode fazer, deve fazer".
Defendendo que "tudo o que seja ajuda é bem-vindo, mas não vale a pena é soprar para cima", Paulo Raimundo apontou que o Governo "podia ter feito isso tudo e depois mandava a carta".
O jornal Expresso noticiou hoje que o primeiro-ministro enviou uma carta à presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, propondo que Bruxelas dê prioridade à procura de resposta para problemas como a habitação, a fuga de talentos ou a recuperação de territórios ardidos.
Questionado também sobre a notícia do jornal 'online' Observador, que indica que o primeiro-ministro defendeu, no último Conselho de Estado, mudanças nas buscas judiciais aos partidos, o líder comunista apontou que "essa não é a matéria fundamental" que os portugueses enfrentam, nem "são as preocupações das pessoas", pois "não altera nada" na sua vida e no seu dia a dia.
Paulo Raimundo disse não ser "contra nem a favor" esta matéria, indicando que será necessário "ver no concreto qual é o texto" da proposta.
O comunista considerou existir "uma diferença brutal entre a propaganda, os anúncios e depois o concreto, a vida das pessoas", referindo que isso é visível "em todas as vertentes".
"Até com receio dessa situação, o melhor é nós não dizermos nada sem ver no concreto", ressalvou.
Na sequência da abertura da Festa do Avante, o secretário-geral do PCP declara que todos "são muito bem-vindos" no evento, um "espaço de alegria, resistência, mas também de convívio e solidariedade".
"Três dias muito intensos, três dias mais, como costumamos dizer, e é com esta abertura, com esta capacidade e este entusiasmo e confiança que aqui estamos", reiterou Raimundo.
Nesta que é a sua primeira Festa do Avante! enquanto secretário-geral do PCP, depois de ter sucedido a Jerónimo de Sousa no final do ano passado, Paulo Raimundo vai marcar presença todos os dias. No sábado, visita a XXIII Bienal de Artes Plásticas e, no domingo, encerra a 'rentrée' comunista com um discurso no tradicional comício.
[Notícia atualizada às 20h10]
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