"Temos muito trabalho pela frente, temos muito trabalho para chegarmos ao parlamento, mas temos a firme convicção de que, se chegarmos ao parlamento, o Governo há de andar mais direitinho, porque terá lá a esquerda que lhe bate mais forte e essa esquerda é o Bloco de Esquerda", afirmou.
Roberto Almada falava no Funchal na apresentação oficial do programa eleitoral do Bloco de Esquerda às eleições regionais da Madeira, agendadas para 24 de setembro, que contou com a presença do fundador do partido Francisco Louçã.
O candidato bloquista criticou a política fiscal e a política de habitação preconizada pelo atual executivo madeirense (PSD/CDS-PP), considerando ser inaceitável o facto de se recusar a aplicar o diferencial fiscal de 30% no IVA e em todos os escalões do IRS e em estabelecer tetos máximos no preço das casas.
"É preciso que haja coragem para criar tetos máximos para a venda de apartamentos e para as rendas", disse, defendendo também a extinção dos vistos 'gold', a limitação das licenças para alojamento local e o fim dos benefícios ficais para a reabilitação urbana de habitações que não são colocadas no mercado de arrendamento.
O programa eleitoral o BE apresenta três níveis de medidas, que preconizam justiça na economia, melhores serviços públicos e autonomia com futuro.
O partido garante que não cede à "cultura do medo" e promete lutar por mais justiça, sublinhando que "a riqueza produzida na região não pode ficar na mão de uns poucos e tem de servir a população".
Roberto Almada lembrou que o Governo Regional, liderado pelo social-democrata Miguel Albuquerque, enaltece frequentemente a "boa saúde financeira da região", mas recusa-se, por exemplo, a repor a taxa de IVA ao valor praticado antes do Plano de Ajustamento Económico e Financeiro (PAEF), em 2012, que variava entre 16% e 4%, sendo que atualmente a taxa máxima é de 22% e a mínima de 4%.
"Com tanto dinheiro que Miguel Albuquerque diz que arrecadamos, com tanto dinheiro que Miguel Albuquerque diz que temos, com uma economia pujante que Miguel Albuquerque todos os dias se vangloria de ter, onde é que está o dinheiro para baixar os impostos à mesma taxa que tínhamos em 2012?", questionou, para logo acrescentar: "Fomos roubados e não foi reposta a legalidade aquando do final do programa de ajustamento financeiro."
Para as eleições de 24 de setembro, o Tribunal Judicial da Comarca da Madeira validou 13 candidaturas, correspondendo a duas coligações e outros 11 partidos, mas as listas definitivamente admitidas só serão afixadas em 04 de setembro.
O sorteio da ordem das 13 forças políticas no boletim de voto colocou o Partido Trabalhista Português (PTP) em primeiro lugar, seguido de Juntos Pelo Povo (JPP), Bloco de Esquerda (BE), Partido Socialista (PS), Chega (CH), Reagir Incluir Integrar (RIR), Partido da Terra (MPT), Alternativa Democrática Nacional (ADN), Somos Madeira (coligação PSD/CDS-PP), Pessoas-Animais-Natureza (PAN), Livre (L), CDU -- Coligação Democrática Unitária (PCP/PEV) e Iniciativa Liberal (IL).
As anteriores eleições regionais realizaram-se em 22 de setembro de 2019.
Nesse ato eleitoral, num círculo eleitoral único, concorreram 16 partidos e uma coligação que disputaram os 47 lugares no parlamento madeirense: PSD, PS, CDS-PP, JPP, BE, Chega, IL, PAN, PDR, PTP, PNR, Aliança, Partido da Terra - MPT, PCTP/MRPP, PURP, RIR e CDU (PCP/PEV).
O PSD perdeu então, pela primeira vez, a maioria absoluta na Assembleia Legislativa Regional da Madeira, que detinha desde 1976, elegendo 21 deputados e formou um governo de coligação com o CDS-PP (três deputados).
O PS elegeu 19 deputados, o JPP três e o PCP um.
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