José Gusmão diz que só há um ponto positivo a assinalar das palavras proferidas pela presidente da Comissão Europeia, que esta manhã proferiu um último discurso sobre o Estado da União em 2023.
O eurodeputado do Bloco de Esquerda começa por assinalar, na sua página de Twitter, que a "principal (única) nota positiva" do discurso está relacionado com "a clareza da formulação sobre o consentimento e o compromisso com propostas sobre a violência contra as mulheres".
Recorde-se que Von der Leyen sublinhou o papel da instituição que lidera em prol da igualdade de género, referindo que 'Não é Não' e que enquanto houver violência sexual, não haverá igualdade.
"Importante, sobretudo no rescaldo do episódio Rubiales", considera José Gusmão.
O que se segue porem é um conjunto de criticas, a começar pelo momento em que a líder europeia disse que a inflação é um "grande desafio económico", que "levará algum tempo" a resolver.
"#VonderLeyen diz que vai levar tempo a atingir as metas de inflação. Diz-me que a política monetária está a falhar sem dizeres que a política monetária está a falhar. Só está a servir para lançar a Europa numa recessão desnecessária e fazer disparar os preços da habitação", atira o bloquista.
#VonderLeyen diz que vai levar tempo a atingir as metas de inflação. Diz-me que a política monetária está a falhar sem dizeres que a política monetária está a falhar. Só está a servir para lançar a Europa numa recessão desnecessária e fazer disparar os preços da habitação.
— José Gusmão (@joseggusmao) September 13, 2023
Para José Gusmão há ainda a enaltecer a "ideia sobre relocalização de atividade industrial". Contudo, defende, continua a existir uma "enorme contradição no comércio internacional".
"Protecionismo em relação à China, acordos de comércio livre com a América Latina. Dumping social e ambiental? Só o europeu", atira.
Outro dos pontos que gera discórdia, e que o eurodeputado chega mesmo a chamar de "momento obseno", é aquele em que "#VonderLeyen quer migrantes qualificados e diz que vai trabalhar com entidades e governos legítimos". Porém, acusa Gusmão, " no mundo real, "trabalha com o Governo da Tunísia e milícias da Líbia. O humanismo europeu jaz há muito no mediterrâneo, mas o descaramento não.", afirma.
Recorde-se que este discurso sobre o Estado da União, um exercício anual a marcar o início do ano legislativo, ocorre quatro anos após a eleição de Von der Leyen - que iniciou o seu primeiro mandato à frente do executivo comunitário em dezembro de 2019 - e a menos de um ano das eleições europeias de 2024, marcadas para junho.
"Poucas vezes na minha vida ouvi tanto auto-puxa-saco num só discurso. Nem a crise económica e social, nem as catástrofes climáticas, nem os mil mortos no mediterrâneo impediram #VonderLeyen de se homenagear a si própria. São as vantagens de viver na lua. #SOTEU", culmina José Gusmão.
Poucas vezes na minha vida ouvi tanto auto-puxa-saco num só discurso. Nem a crise económica e social, nem as catástrofes climáticas, nem os mil mortos no mediterrâneo impediram #VonderLeyen de se homenagear a si própria. São as vantagens de viver na lua. #SOTEU
— José Gusmão (@joseggusmao) September 13, 2023
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