Cordeiro. "Democracia também é responsabilidade de qualquer ativista"
O ministro do Ambiente participava numa conferência, realizada na manhã desta terça-feira, quando foi surpreendido por três ativistas que subiram ao palco para lhe atirar tinta verde.
© Nuno Pinto Fernandes/Global Imagens
Política Livre
O porta-voz do Livre reagiu à polémica em torno do ato de um grupo de ativistas que arremessou ovos com tinta contra o ministro do Ambiente e da Ação Climática, Duarte Cordeiro, esta terça-feira, durante a conferência da CNN Portugal, em Lisboa, sobre transição energética em que participam as empresas Galp e EDP. Rui Tavares criticou a ação, destacando que "para termos futuro neste planeta, a democracia precisa de ter futuro".
"Todos temos causas que defendemos com sinceridade e que acreditamos convictamente estarem acima de tudo. E por isso mesmo não podemos esquecer que o que vale para nós e as nossas causas será reivindicado pelos outros e pelas suas causas como justificação para os seus atos", afirmou Rui Tavares numa publicação na rede social X (antigo Twitter).
O representante do Livre ressalva que "estar solidário com uma causa não implica concordar com todos os métodos que cada ativista use a cada momento", da mesma forma que "estar solidário com Duarte Cordeiro não implica concordar com o que o Governo faz ou não faz no combate às alterações climáticas", assumindo que ambas as coisas "são direito e dever".
"É que todos temos responsabilidade na preservação de um espaço público cívico e uma democracia sem as quais nada — a começar pelas alterações climáticas — se resolve. Para termos futuro neste planeta, a democracia precisa de ter futuro, até porque sem democracia não poderemos escolher os decisores certos para as causas que consideramos certas", finaliza Tavares, rematando que "a democracia também é responsabilidade de todo e qualquer ativista que leve a sério a sua causa".
1. Todos temos causas que defendemos com sinceridade e que acreditamos convictamente estarem acima de tudo. E por isso mesmo não podemos esquecer que o que vale para nós e as nossas causas será reivindicado pelos outros e pelas suas causas como justificação para os seus atos.
— rui tavares (@ruitavares) September 26, 2023
De recordar que Duarte Cordeiro ia iniciar a sua intervenção, quando foi surpreendido por três ativistas que subiram ao palco para atirar tinta verde ao governante.
O protesto foi reivindicado pelo grupo de estudantes "Primavera das Ocupas - Fim ao Fóssil" nas redes sociais.
"Sem futuro não há paz. Não têm legitimidade social para falar de crise climática. Um evento patrocinado pela GALP e pela EDP, a sério? O nosso futuro não é um negócio", terão gritado no auditório.
"Este vai ser o último inverno de gás", "Não permitimos que vendam o nosso futuro" e "a Galp e a EDP não querem saber da transição justa" foram outras das frases proferidas pelas jovens
Duarte Cordeio reagiu ao incidente, enquanto retirava a gravata. "Faz parte", declarou.
A CNN Portugal avançou que as jovens foram intercetadas por agentes da Polícia de Segurança Pública (PSP) e pela equipa de segurança do ministro. Foram depois retiradas da sala e a conferência foi interrompida brevemente, para o ministro trocar de roupa e a sala ser limpa.
O ministro retomou a sua intervenção - sobre as metas e as políticas públicas para a transição energética - alguns minutos depois, tendo sido retomada a conferência, na qual defendeu que "estas formas de manifestação não resultam" e contribuem para que a causa climática "perca apoio social".
"Eu não me queixo de quem vai para a rua reivindicar pelo seu planeta e pelo seu futuro, [...] eu queixo-me de determinadas formas de manifestação que são intolerantes e têm como objetivo procurar, através da intolerância, calar os outros", afirmou o ministro do Ambiente, sublinhando que o Governo considera que se deve "envolver as empresas no processo da transição [energética]".
Pouco depois, os ativistas reagiram através de um comunicado, acusando Duarte Cordeiro de "compactuar com os criminosos" que estão a levar os jovens ao "colapso".
"Esta conferência é uma fachada para limpar a imagem das empresas que em Portugal estão a lucrar com as crises climática e de custo de vida. O ministro provou com a sua presença que prefere compactuar com os criminosos que nos estão a levar para o colapso do que garantir que nós, jovens que nascemos em crise climática, temos um futuro", afirma Matilde Ventura, porta-voz da ação, através da nota.
Recorde o momento em que Duarte Cordeiro é atingido com ovos com tinta, aqui.
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