Na sequência do ataque sofrido pelo ministro do Ambiente e da Ação Climática, Duarte Cordeiro, esta terça-feira, por parte de grupo de ativistas - que lhe atirou ovos com tinta -, durante a conferência sobre transição energética da CNN Portugal, várias personalidades políticas já reagiram, prestando a sua "solidariedade" para com o governante e condenando o ato de contestação.
O presidente da Assembleia da República condenou o ataque, considerando que prestaram "um péssimo serviço à causa" ambiental, causa essa que, segundo Augusto Santos Silva "bem precisa da nossa ação - democrática, consistente e efetiva".
A deputada do Partido Socialista (PS), Isabel Moreira, considerou que "quem gosta da democracia e do Estado de direito defende a liberdade de expressão de todas e de todos" e não relativiza crimes", enfatizando "o discurso da minissaia" da extrema-direita.
O porta-voz do partido Livre, Rui Tavares, vai mais longe e afirma que "estar solidário com uma causa não implica concordar com todos os métodos que cada ativista use" para a enfatizar, destacando que "para termos futuro neste planeta, a democracia precisa de ter futuro", que também é uma responsabilidade de "todo e qualquer ativista que leve a sério a sua causa".
Por outro lado, a deputada do Chega, Rita Matias, declarou que Duarte Cordeiro "provou do próprio veneno" uma vez que "quem promove discursos apocalípticos só pode colher estes frutos".
Ministro do Ambiente é atacado por ativistas climáticos, esta manhã.
— Rita Maria Matias (@ritamariamatias) September 26, 2023
Provou do próprio veneno. Quem promove discursos apocalípticos, destrói a ciência e usa o ensino como arma de “mudança de mentalidades” (doutrinação), só pode colher estes frutos.
Não sei o que me envergonha… pic.twitter.com/6ycYvPcaEs
O vice-presidente do PSD, Paulo Rangel, considerou que "o ataque e o boicote ao Ministro do Ambiente" é "inaceitável numa sociedade livre", reiterando que "os fins não justificam os meios".
"Há quem nem sequer compreenda que este tipo de protesto é contraproducente: as sociedades não democráticas nunca protegeram o ambiente", acrescentou.
O ataque e o boicote ao Ministro do Ambiente é inaceitável numa sociedade livre. Ponto final. Os fins não justificam os meios. Há quem nem sequer compreenda que este tipo de protesto é contraproducente: as sociedades não democráticas nunca protegeram o ambiente.
— Paulo Rangel (@PauloRangel_pt) September 26, 2023
De recordar que Duarte Cordeiro ia iniciar a sua intervenção, quando foi surpreendido por três ativistas que subiram ao palco para atirar tinta verde ao governante.
O protesto foi reivindicado pelo grupo de estudantes "Primavera das Ocupas - Fim ao Fóssil" nas redes sociais.
"Sem futuro não há paz. Não têm legitimidade social para falar de crise climática. Um evento patrocinado pela GALP e pela EDP, a sério? O nosso futuro não é um negócio", terão gritado no auditório.
"Este vai ser o último inverno de gás", "Não permitimos que vendam o nosso futuro" e "a Galp e a EDP não querem saber da transição justa" foram outras das frases proferidas pelas jovens
Duarte Cordeio reagiu ao incidente, enquanto retirava a gravata. "Faz parte", declarou.
A CNN Portugal avançou que as jovens foram intercetadas por agentes da Polícia de Segurança Pública (PSP) e pela equipa de segurança do ministro. Foram depois retiradas da sala e a conferência foi interrompida brevemente, para o ministro trocar de roupa e a sala ser limpa.
O ministro retomou a sua intervenção - sobre as metas e as políticas públicas para a transição energética - alguns minutos depois, tendo sido retomada a conferência, e brincou com a situação. "Pelo menos na cor acertaram, porque é uma cor que eu aprecio", afirmou Duarte Cordeiro, garantindo ter "compreensão por uma geração que quer fazer ouvir a sua voz que quer que o Governo acelerem aquilo que são as suas metas e quer procurar responder de forma mais objetiva".
"Eu não me queixo de manifestantes, queixo-me de determinadas formas de manifestação, que são intolerantes e têm como objetivo calar os outros. Quem faz isso contribui para que esta causa perca apoio social, faz com que haja menos pessoas a apoiar a causa", acrescentou.
"Eu não me queixo de quem vai para a rua reivindicar pelo seu planeta e pelo seu futuro, [...] eu queixo-me de determinadas formas de manifestação que são intolerantes e têm como objetivo procurar, através da intolerância, calar os outros", salientou ainda o ministro do Ambiente, sublinhando que o Governo considera que se deve "envolver as empresas no processo da transição [energética]".
Pouco depois, os ativistas reagiram através de um comunicado, acusando Duarte Cordeiro de "compactuar com os criminosos" que estão a levar os jovens ao "colapso".
"Esta conferência é uma fachada para limpar a imagem das empresas que em Portugal estão a lucrar com as crises climática e de custo de vida. O ministro provou com a sua presença que prefere compactuar com os criminosos que nos estão a levar para o colapso do que garantir que nós, jovens que nascemos em crise climática, temos um futuro", afirma Matilde Ventura, porta-voz da ação, através da nota.
Recorde o momento em que Duarte Cordeiro é atingido com ovos com tinta, aqui.
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