Inês de Sousa Real falou hoje pela primeira vez sobre o acordo negociado entre a deputada regional eleita pelo PAN nas eleições de domingo, Mónica Freitas, e o presidente do PSD-Madeira, Miguel Albuquerque, que foi anunciado na terça-feira.
Na Assembleia da República, em resposta a uma declaração política da deputada do PSD Sara Madruga da Costa, eleita pela Madeira, a porta-voz e deputada única do PAN começou por saudar que tenha sido possível "quebrar o totalitarismo que existia na Madeira" e "ter um parlamento mais plural e, com isso, mais saudável para a democracia".
Inês de Sousa Real afirmou que o PAN recusou correr "na pista de quem grita mais alto" contra o executivo regional, que "já está preenchida por uma larga oposição", e conseguiu assegurar que o novo Governo chefiado por Miguel Albuquerque irá seguir uma agenda ambiental.
"No dia em que isso não estiver cumprido, o PAN cá estará para tirar as consequências políticas daquilo que seja o incumprimento", prometeu.
A deputada sustentou que "o PAN também fez cair um mito de que a governabilidade só pode ser feita de duas maneiras: ou de uma maioria absoluta ou com o voto do medo e que vem lá de facto o diabo e de que vêm lá neste caso alianças ou alternativas de direita populista" e mostrou que "os portugueses e os madeirenses têm, sim, alternativas democráticas".
Referindo que "o Chega tinha por objetivo chegar ao poder", Inês de Sousa acrescentou: "O PAN recusou um acordo de governação, mas tem efetivamente um acordo de incidência parlamentar porque não vira as costas aos madeirenses, aos porto-santenses, e diz efetivamente sim a travar aquela que é a agenda arcaica, bafienta e conservadora do Chega".
A seguir à sua intervenção, a porta-voz do PAN ouviu a deputada do PS Marta Freitas, eleita pela Madeira, criticar o acordo feito pelo seu partido com a acusação de que "facilmente se venderam por pouco".
Inês de Sousa Real pediu a palavra pela defesa da honra, que lhe foi concedida, e aproveitou para acusar os socialistas de não cumprirem o que negoceiam com o seu partido para o Orçamento do Estado.
"Não se preocupe com aquilo que é um acordo de incidência parlamentar na Madeira, preocupe-se com a palavra que aqui é dada e que muitas poucas vezes é honrada", disse, dirigindo-se para Marta Freitas.
PSD e CDS-PP concorreram juntos às eleições de domingo, através da coligação Somos Madeira, que foi a força mais votada, com cerca de 43% dos votos, mas falhou por um deputado a maioria absoluta.
A coligação PSD/CDS-PP elegeu 23 deputados em 47, seguindo-se o PS, com 11, o Juntos Pelo Povo (JPP), com 5 eleitos, e o Chega, com 4. PCP/PEV, Iniciativa Liberal, PAN e Bloco de Esquerda também conseguiram representação parlamentar, todos com 1 eleito.
Leia Também: Madeira. Chega apreensivo com acordo de incidência parlamentar com PAN