"O que o senhor ministro das Finanças nos comunicou, sem se comprometer - portanto aqui se houver diferenças quando o cenário for comunicado é porque houve algum ajuste daqui até terça-feira - é que em 2023 acabaremos o ano com crescimento económico na casa dos 2,1%, 2,2% e com um saldo orçamental positivo, mas inferior a 1%", revelou o deputado da IL João Cotrim Figueiredo à saída da reunião com o Governo para conhecer as listas gerais do Orçamento do Estado para 2024 (OE2024).
Sobre 2024, de acordo com o liberal, "o saldo orçamental será neutro, portanto 0%, e o crescimento será na casa do 1,5%".
"Este 1,5% é a mesma perspetiva que o Banco de Portugal esta semana deu, revendo em baixa e sobretudo em duas grandezas que eu questionei o senhor ministro das Finanças agora e não obtive resposta que me deixam preocupado: é o investimento que cai para um terço do que estava orçamentado. Grande surpresa, não há explicação para isto. E o consumo público que cai para metade do que estava orçamentado também", alertou.
Na opinião de Cotrim Figueiredo, "as grandezas orçamentais que interessam verdadeiramente às pessoas" são as que produzam um crescimento que permita a capacidade de todos ganharem mais em Portugal.
"E não estarmos aqui todos os anos a discutir o salário mínimo, que se aproxima perigosamente do salário médio e acaba por fazer muito pouca diferença à vida das pessoas", defendeu.
Lamentando que Portugal vá em 2023 "bater o triste recorde de ultrapassar os 100 mil milhões de euros de despesa pública", o deputado da IL explicou que o objetivo nesta reunião era perceber o ponto de partida, ou seja o cenário macroeconómico, e o ponto de chegada, ou seja o orçamento que vai ser apresentado na terça-feira.
"Quis perguntar ao senhor ministro das Finanças se era este, que é o nono Orçamento do Estado dos governos de António Costa, que não íamos mais uma vez bater o recorde de carga fiscal. Não obtive resposta. E se íamos ter pela primeira vez alguma coisa parecida com uma reforma estrutural fosse nos serviços públicos, no sistema fiscal ou da administração pública. Em nada disto o senhor ministro se quis comprometer e se me perguntar a minha opinião não é desta que vamos ter qualquer espécie de reforma estrutural", referiu.
Segundo Cotrim Figueiredo, haverá "gestão de curto prazo" neste orçamento para "tentar responder a emergências" eventualmente com medidas na habitação, nos combustíveis ou no IRS jovem.
"Os orçamentos não respondem às questões estruturais e estamos permanentemente nisto: ajustamos uma taxa aqui 5%, ali meio por cento sem nunca resolver o problema. Estamos cansados todos os anos de vir aqui dizer que não vemos visão, que não vemos estratégia", condenou.
Relatando que Medina lhe respondeu que "não é papel do ministro das Finanças ter surpresas bombásticas nos orçamentos", o antigo líder da IL deixou um apelo uma vez que já está "por tudo": "façam antes, façam depois, façam com fugas de informação, façam na apresentação, mas façam alguma coisa de estrutural para mudar os problemas que o país repetidamente vai tendo, a começar no crescimento económico que continua a ser a nossa grande pecha".
[Notícia atualizada às 12h45]
Leia Também: OE2024? "Portugueses vão continuar numa rota de empobrecimento"