O líder do Partido Social Democrata (PSD), Luís Montenegro, criticou a “sensibilidade” do Partido Socialista (PS) perante as suas declarações, que classificaram a proposta do Governo de Orçamento de Estado para 2024 (OE2024) como ‘Orçamento pipi’, considerando que o coletivo deveria deixar “de ser politicamente correto e incompetente”. Isto porque, na sua ótica, o OE2024 “tem muita aparência, mas não tem conteúdo”.
“O senhor ministro das Finanças [Fernando Medina] anda mesmo ali a nado. Esta sensibilidade às palavras e às expressões denota que o PS está confuso, está sem argumentos para o debate político, está sem capacidade de imaginação. Querem sempre falar com aquele politicamente correto, sempre as mesmas expressões, e acho que os portugueses estão fartos disso; temos de falar uma linguagem que as pessoas percebam”, começou por dizer o social democrata, quando confrontado com as declarações do tutelar da pasta da Economia, que se mostrou incrédulo com a metáfora de que o OE2024 é “pipi, bem apresentadinho e muito betinho”.
Nessa linha, Montenegro esclareceu que “o Orçamento pipi é o Orçamento que tem muita aparência mas não tem conteúdo, não resolve o problema das pessoas, bate o recorde dos impostos, é muito janota”, uma vez que o Governo “esconde, com o traje que apresenta, que aparentemente é a baixa do IRS, o que está lá dentro, que são os impostos indiretos que as pessoas pagam, o IVA”.
“O senhor ministro das Finanças deve concentrar a sua atenção em resolver os problemas: a falta de médicos de família nos Centros de Saúde, levar professores para as escolas, a falta de habitações dignas, resolver o problema da habitação dos estudantes do ensino superior. Qual é a linguagem que o senhor ministro das Finanças não percebe? Deixem de ser politicamente corretos e politicamente incompetentes e inconsequentes”, atirou.
E salientou: “Não vivemos no país das maravilhas que o doutor António Costa, o doutor Medina e o presidente do Partido Socialista [Carlos César] pré-anunciam.”
O responsável não deixou de apontar que “se o país não tiver a ambição de elevar o nível salarial, se continuarmos como, infelizmente, é o caminho deste Orçamento, a ter impostos máximos para as pessoas e as empresas, naturalmente que teremos muita dificuldade em ser competitivos”, já que, a seu ver, “estamos a perder uma oportunidade histórica”, porque “o país está a negligenciar aquilo que é o acesso a fundos da União Europeia (UE)”.
“O PRR, em Portugal, é um orçamento retificativo, é a utilização do dinheiro da UE para suprir a falta de investimento público dos últimos oito anos. Nos outros países da Europa por onde tenho andado, o PRR tem sido utilizado para dinamizar a economia, para trazer inovação, para trazer tecnologia. Estamos a tratar de corrigir aquilo que foi a cativação do investimento público dos últimos anos e, daqui a alguns anos, quando as outras indústrias e os outros países estiverem mais competitivos, vamos andar aqui à espera de poder fazer milagres”, disse.
Recorde-se que o Governo apresentou, na terça-feira, o OE2024, que revê em alta o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) em 2023, de 1,8% para 2,2%, e em baixa de 2,0% para 1,5% no próximo ano.
A proposta de OE2024 será discutida e votada na generalidade nos dias 30 e 31 de outubro, estando a votação final global agendada para 29 de novembro.
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