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Israel deve "defender-se", mas sem violar "direito internacional"

Alexandra Leitão entende que "o povo de Israel exija uma espécie de lei de talião, olho por olho, dente por dente e que exija uma reação proporcional à carnificina que ocorreu", mas isso "implicaria uma intervenção também ela desmedida".

Israel deve "defender-se", mas sem violar "direito internacional"
Notícias ao Minuto

08:24 - 16/10/23 por Notícias ao Minuto

Política Alexandra Leitão

Alexandra Leitão, ex-ministra da Modernização do Estado e da Administração Pública, defendeu que Israel "tem o direito de se defender" depois do "ato de terrorismo violento" de que foi alvo no passado dia 7 de outubro, contudo, considera que deve ser "exigido" que o faça "dentro dos limites do direito internacional e dentro dos limites do direito humanitário". 

"De facto, o que aconteceu no dia 7 foi um ato de terrorismo muito violento, atroz, foram cometidas carnificinas terríveis contra a população civil", começou por dizer a antiga governante no programa 'O Princípio da Incerteza', da CNN Portugal.

Para Alexandra Leitão, "não há mas, nem meio mas", foi "uma atrocidade" que "deve e está a ser condenada veemente pela comunidade internacional". "Era mesmo preciso que nada ficasse igual depois disto", notou.

Contudo, Alexandra Leitão admite ter ficado "bastante surpreendida com a facilidade, ou pelo menos, aparente facilidade, com que os terroristas - o Hamas - passaram aquele muro e entraram na fronteira israelita". 

Face a esta posição, a comentadora foi clara: "Eu acho que, de facto, Israel tem o direito de se defender e acho até normal que a população de Israel, o povo de Israel exija uma espécie de lei de talião, olho por olho, dente por dente e que exija uma reação proporcional à carnificina que ocorreu. Só que uma reação proporcional à carnificina que ocorreu, implicaria uma intervenção também ela desmedida, que teria, seguramente, por efeito, a violação das leis da guerra, do direito internacional, do direito humanitário".

"E, por isso, aquilo que eu acho que nós hoje todos temos de pedir a Israel, e Israel para não ser igual tem de cumprir isto, é: reagir, defender-se, mas fazê-lo dentro dos limites do direito internacional e dentro dos limites do direito humanitário", precisou, explicando que, Israel tem, por exemplo, de "deixar entrar ajuda humanitária" na Faixa de Gaza.

Apesar de reconhecer "que não é fácil não matar e não bombardear alvos civis, porque o Hamas faz escudos humanos", há algo que considera ser hoje "mais verdade do que nunca". "Estes dois espaços estão ocupados dos dois lados por políticos radicais, extremistas, fanáticos, não laicos (...) e, portanto, estamos de facto, num contexto particularmente perigoso". 

Além disso, estes líderes são também, na opinião da antiga ministra, "incompetentes". Começando pelo primeiro-ministro de Israel, Bejamin Netanyahu, e pelos relatos que apontam que este foi avisado pelo Egito antes do ataque.

"Não ligou. Não sabemos se por incompetência, se porque lhe dá jeito este tipo de escalada", disse. "Verdade ou não, há uma coisa que é verdade: é que ele tinha abrandado a segurança na fronteira com a Faixa de Gaza para proteger os colonatos ilegais junto à Cisjordânia", completou.

Do lado do Hamas, Alexandra Leitão frisou que o grupo "ganhou de facto as eleições depois de ter afastado a Fatah em 2006, mas desde 2006 não houve mais eleições na Faixa de Gaza". "É um governo feroz e um regime feroz para os próprios palestinianos, uma ditadura férrea (...) que não tem nenhum interesse no povo palestiniano, quer criar o caos em toda aquela região", afirmou.

"Temos de separar muito bem o Hamas dos palestinianos", defendeu.

Alexandra Leitão terminou referindo que "é preciso muita coragem para fazer a paz" e lembrou que há crianças e inocentes "dos dois lados".

Recorde-se que a Faixa de Gaza está cercada desde que o grupo islamita Hamas fez uma incursão sem precedentes Israel em 7 de outubro, matando civis e militares.

Desde então, Israel tem bombardeado Gaza e avisou os residente no norte do território para se deslocarem para sul, numa indicação de que poderá fazer uma ofensiva terrestre contra o Hamas.

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