À margem da reunião privada do executivo, o vereador Sérgio Aires, do BE, admitiu aos jornalistas "acolher com toda a festividade" a intenção, anunciada pelo presidente da Câmara do Porto, de manter aquele equipamento na esfera pública.
Dizendo que o partido sempre acreditou que era possível avançar com as obras no Coliseu sem ter de o concessionar a privados, Sérgio Aires afirmou ser também com "enorme estupefação" que viu "o recuo" do presidente da câmara.
"Ainda bem que tínhamos razão e que era possível evitar a concessão do Coliseu", destacou.
Pela CDU, a vereadora Ilda Figueiredo concordou com a decisão, defendendo que o partido "foi sempre contra a concessão" e que, por diversas vezes, apelou para a necessidade "de se chegar a um consenso de financiamento das obras".
"Ainda bem que se está novamente a chegar a um consenso que já chegou a existir nesta câmara", considerou.
O vereador do PS, Tiago Barbosa Ribeiro, destacou a "necessidade imperiosa do Coliseu" ser reabilitado, considerando "uma boa decisão" o recurso a fundos comunitários.
"Vemos com bons olhos", referiu, dizendo, no entanto, que nesta matéria "todos devem assumir as suas responsabilidades, incluído a Área Metropolitana do Porto".
Já o vereador social-democrata Alberto Machado saudou a decisão tomada na sexta-feira pelos municípios da Área Metropolitana do Porto (AMP), destacando que o Coliseu "não é um ativo apenas e só do concelho do Porto, mas de toda a região".
"Fazia muito sentido que os outros municípios votassem como votaram e olhassem para o Coliseu de forma mais abrangente. Ficamos muito satisfeitos que o Coliseu possa, finalmente, ser intervencionado", acrescentou.
O presidente da Câmara do Porto, Rui Moreira, afirmou hoje que o Coliseu continuará a ser "um equipamento de todos os portuenses", recuando na intenção de concessionar aquele equipamento cultural a privados.
Na sexta-feira, a Área Metropolitana do Porto (AMP) aprovou, por unanimidade dos municípios presentes na reunião, a comparticipação nas obras de reabilitação do Coliseu, decorrente da condição de ser um dos associados dos Amigos do Coliseu, entidade que gere o equipamento.
Posteriormente, a Câmara de Valongo, ausente na reunião, afirmou que votaria contra esta decisão.
No dia anterior, em entrevista ao jornal Público, o presidente da associação Amigos do Coliseu, Miguel Guedes, disse esperar que a AMP avançasse com um investimento mais estrutural, de cerca de 3,5 milhões de euros, para uma obra "urgente e decisiva" de reabilitação da fachada, caixilharias e circuitos de acessibilidade do equipamento.
Em setembro, Rui Moreira revelou ser intenção da associação Amigos do Coliseu submeter as obras de reabilitação a fundos comunitários do programa Norte 2030, tornando desnecessária a concessão do equipamento.
Em 15 de julho de 2022, a direção da Associação Amigos do Coliseu aprovou por unanimidade uma proposta, apresentada pelo então representante da Câmara do Porto, para concessionar o equipamento a privados.
Em declarações aos jornalistas, Rui Moreira afirmou que concessionar o equipamento a entidades privadas era "voltar à intenção original".
No mesmo dia, o ministro da Cultura, Pedro Adão e Silva, disse, em declarações enviadas à Lusa, que apoiava a concessão e que a opção era feita "sem nenhum preconceito" quanto ao modelo de gestão e financiamento da reabilitação.
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