PCP critica privatização da Efacec e pede "informação" sobre o negócio

O PCP considerou hoje que a privatização da Efacec, concretizada esta terça-feira pelo Governo, é um "crime contra os interesses nacionais" e não garante o futuro da empresa, tendo solicitado ao Governo "toda a informação" sobre a sua venda.

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Lusa
02/11/2023 12:10 ‧ 02/11/2023 por Lusa

Política

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Em comunicado, o PCP defende que o acordo divulgado esta quarta-feira pelo Governo que concretiza a privatização da Efacec é "revelador do caráter desastroso da política económica que está em curso".

"Depois de terem sido investidos centenas de milhões de euros de recursos públicos para salvar a Efacec dos impactos da guerrilha acionista em que estava mergulhada, o Governo vem anunciar que entregará a empresa ao fundo de investimento alemão Mutares, mais 200 milhões de euros que ainda serão investidos pelo Estado, a troco de nada", lê-se.

Para o partido, este negócio faz com que o fundo alemão receba "de mão beijada" uma das "principais empresas industriais portuguesas, capitalizada, com crédito e garantias, trabalhadores altamente qualificados, capacidade de investigação, líder em vários segmentos de mercado e com encomendas de centenas de milhões de euros em carteira".

A privatização da Efacec é um "crime contra os interesses nacionais", defende o partido, que indica que, através do seu Grupo Parlamentar, solicitou ao Governo "toda a informação" sobre a operação.

Num requerimento que deu entrada hoje no parlamento, o PCP solicita em particular, entre vários documentos, a listagem de todos os valores e compromissos financeiros assumidos pelo Estado no processo de reestruturação da Efacec desde 02 de julho de 2020, dia em que o Governo procedeu à nacionalização de cerca de 71% do capital da empresa.

Quer também ter acesso ao "acordo de compra e venda direta de ações celebrado pela Parpública com a Mutares a 23 de junho de 2023".

O PCP sustenta que, "como todas as privatizações", esta foi também "uma decisão opaca, feita nas costas dos trabalhadores da empresa e do povo português", tendo sido preparada pelo Governo "ao longo de meses" com o patrocínio da Comissão Europeia e da DGComp.

"Ao contrário do que diz o Governo, não é a privatização que garante o futuro da Efacec e muito menos o seu papel na economia nacional. Se a Efacec hoje existe é porque houve intervenção pública, é porque a empresa foi nacionalizada", refere-se.

Segundo o partido, "entregar a Efacec ao grande capital estrangeiro não garante nem o futuro da empresa, nem o seu papel estratégico na economia nacional, nem os postos de trabalho e direitos, nem sequer o retorno do que o país investiu".

"Garante, isso sim, que a riqueza produzida pela Efacec não ficará no país e que o seu futuro estará sempre subordinado, não aos interesses de Portugal, mas ao do grande capital estrangeiro", destaca-se.

O PCP defende ainda que a venda da Efacec confirma que a política económica do Governo do PS é "mesma política económica do PSD, CDS, Chega e IL", designadamente de defesa dos "interesses e da submissão ao grande capital".

O partido salienta que "há outro caminho para a Efacec" e que, em vez da privatização, o que se impunha era a integração da empresa no setor empresarial do Estado.

A Parpública vendeu, esta terça-feira, 100% da Efacec ao fundo alemão Mutares. O Estado tinha nacionalizado a Efacec em 2020, ficando com 70% da empresa aquando do escândalo 'Luanda Leaks'. A empresa era controlada indiretamente por Isabel dos Santos.

Esta quarta-feira, em conferência de imprensa, o ministro da Economia, António Costa Silva, indicou que a Mutares injetará 15 milhões de euros em capital e 60 milhões de euros em garantias na Efacec.

Já o Estado injetará mais 160 milhões de euros, anunciou. Até hoje, o Estado já tinha injetado 200 milhões de euros na empresa em suprimentos (10 milhões de euros por cada mês desde abril de 2022).

Leia Também: Venda da Efacec? "Caminhamos alegremente para fundo da tabela da Europa"

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