O ministro da Economia, António Costa Silva, anunciou, na terça-feira, que o Estado, através da Parpública, vendeu 100% da Efacec ao fundo alemão Mutares, mas ainda irá injetar mais 160 milhões na empresa. As reações à venda começaram a surgir nos últimos dias, com a Iniciativa Liberal (IL) e o Chega a proporem comissões de inquérito.
O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, destacou "não havia nenhuma solução boa ou muito boa comparado com o valor que teria tido a Efacec num contexto diferente", lembrando que a empresa foi nacionalizada em 2020, no ano em que surgiu uma pandemia mundial e antes do início da guerra na Ucrânia.
Neste sentido, o negócio com fundo alemão Mutares, reiterou Marcelo, "é bom para o ponto em que a situação chegou, devido à conjuntura internacional e ao tempo decorrido". No entanto, "está aquém" daquilo que seria desejado num contexto diferente.
Na quarta-feira, o líder parlamentar do Partido Social Democrata (PSD), Joaquim Miranda Sarmento, adiantou que o partido vai requerer a presença urgente do ministro para prestar esclarecimentos sobre o processo da venda e criticou o investimento total do Estado de "cerca de 400 milhões de euros" na empresa desde a sua nacionalização em 2020. Em causa estão os 200 milhões de euros já gastos em suprimentos, a injeção de mais 160 milhões e 35 milhões gastos em obrigações através do Banco de Fomento.
Já esta quinta-feira, o líder do partido, Luís Montenegro, considerou, que o primeiro-ministro, António Costa, e o Governo do Partido Socialista (PS) "andam a brincar com o dinheiro dos portugueses" e admitiu avançar com um inquérito parlamentar se o Governo não esclarecer todos os detalhes do negócio da venda da Efacec, que considerou ser "claramente um negócio ruinoso".
O líder da Iniciativa Liberal, Rui Rocha, foi mais longe nas críticas e revelou que vai propor a constituição de uma comissão de inquérito. Em entrevista à TSF e ao Diário de Notícias, o liberal justificou esta decisão do partido considerando que "os portugueses têm que ser esclarecidos" sobre este negócio.
O líder da IL desafiou o PS, que tem maioria absoluta no Parlamento, a viabilizar a comissão de inquérito, mas deixou desde já um pedido ao PSD para o caso de os socialistas votarem contra.
A par da IL, esteve o presidente do Chega, André Ventura, que anunciou que o partido vai também propor a constituição de uma comissão parlamentar de inquérito à venda e tentar suspender o negócio através de uma providência cautelar.
Em declarações aos jornalistas na Assembleia da República, André Ventura apelou ainda ao PS para que viabilize a comissão de inquérito "em nome do interesse nacional".
Já o Bloco de Esquerda (BE) sublinhou hoje que é contra a privatização da Efacec "desde o início", mas admitiu que poderá não inviabilizar uma proposta de inquérito parlamentar para obter mais esclarecimentos sobre o processo.
"À partida não [seremos contra], mas teremos de conhecer pormenores, não sabemos o que se quer avaliar. Quando esse documento existir iremos pronunciar-nos em concreto", disse a deputada Isabel Pires.
Já o Partido Comunista Português (PCP) considerou que a privatização é um "crime contra os interesses nacionais" e não garante o futuro da empresa, tendo solicitado ao Governo "toda a informação" sobre a sua venda
Em comunicado, o PCP defende que o acordo é "revelador do caráter desastroso da política económica que está em curso".
O PCP considerou hoje que a privatização da Efacec, concretizada esta terça-feira pelo Governo, é um "crime contra os interesses nacionais" e não garante o futuro da empresa, tendo solicitado ao Governo "toda a informação" sobre a sua venda.
Lusa | 12:10 - 02/11/2023
Sublinhe-se que o Estado, através da Parpública, vendeu na terça-feira 100% da Efacec ao fundo alemão Mutares.
A Efacec, empresa que opera nos setores da energia, engenharia e mobilidade, com cerca de 2.000 trabalhadores, tinha sido nacionalizada em 2020, ficando o Estado a deter 71,73% da empresa.
A nacionalização, apresentada como temporária, ocorreu na sequência do arresto judicial de bens da empresária angolana Isabel dos Santos, que detinha a maioria do capital da Efacec.
Na terça-feira, o ministro da Economia disse que o Estado vai injetar mais 160 milhões de euros na Efacec, enquanto o fundo Mutares injetará na empresa 15 milhões de euros em capital e 60 milhões de euros em garantias.
O Estado já injetou 132 milhões de euros na Efacec, a que se somam mais 85 milhões de euros em garantias.
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